Método Scuttlebutt: 15 Perguntas Essenciais para Investir em Empresas Lucrativas segundo Philip Fisher

Philip Fisher Scuttlebutt
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Philip Fisher Scuttlebutt
Philip Fisher, conhecido por ser o pai do “growth investing”, sua filosofia de investimentos tem muito a nos ensinar.

Scuttlebutt refere-se a um método de aprendizagem sobre uma empresa conversando com todas as pessoas da empresa e da indústria (até mesmo concorrentes) para que você possa se educar completamente antes de fazer um investimento.

Método Scuttlebutt foi cunhado por Philip Fisher (um investidor lendário do século passado) em seu livro “Ações Comuns, Lucros Extraordinários” (link afiliado).

Ele organizou toda sua metodologia em um conjunto de 15 perguntas qualitativas que diz respeito ao futuro dos produtos e serviços da empresa, inovação, qualidade da gestão, e diversas outras questões.

Com base nesse checklist, Fisher guiou grande parte de suas decisões de investimentos. Através dele acreditava que o investidor conseguiria filtrar as ações de empresas com grande potencial de lucro.

Essas perguntas vão te ajudar a responder:

  • Como o investidor pode avaliar as perspectivas de crescimento da empresa
  • Porque as empresas lucrativas devem sempre investir em P&D
  • Porque as empresas devem buscar a efetividade ao invés de lutar pelo preço para se destacar de seus concorrentes

Índice de Conteúdo

Philip Fisher e o Método Scuttlebutt

Scuttlebutt é um termo que geralmente se refere a rumores ou fofocas.

A origem do termo está relacionada à navegação. A água para consumo em embarcações à vela era tipicamente armazenada em uma espécie de barril afundado – que tinha um buraco para que a água pudesse ser retirada.

Como os marinheiros trocavam fofocas quando se reuniam no local para beber um pouco de água, os boatos se transformavam em gírias ou rumores.

Em investimentos, o termo Scuttlebutt foi usado por Philip Fisher em seu método de investimento em empresas.

Philip Arthur Fisher (8 de setembro de 1907 – 11 de março de 2004) foi um investidor norte-americano mais conhecido como o autor de “Common Stocks and Uncommon Profits (traduzido para português como “Ações Comuns, Lucros Extraordinários”), um guia para investimentos que permaneceu impresso desde sua primeira publicação em 1958.

A sua filosofia de investimento se baseava em investir em empresas que tivessem orientação para o crescimento, altas margens de lucro, alto retorno sobre o capital, um compromisso com pesquisa e desenvolvimento, organização de vendas superior, posição líder na indústria e produtos ou serviços proprietários. Pioneiro, a filosofia de investimento de Fisher passou a ser chamada de “growth investing“, ou investimento em crescimento.

Fisher comprava empresas depois de ter meticulosamente analisado dezenas de revistas especializadas e outras publicações e conduzido longas e detalhadas entrevistas com pessoas relevantes.

Sua especialidade eram empresas inovadoras impulsionadas por pesquisa e desenvolvimento. Sua estratégia era focada no longo prazo, se esforçando para comprar grandes empresas a preços razoáveis.

Através do método scuttlebutt ele escrutinava diversas informações relevantes sobre a empresa, buscando respostas com variados públicos (desde funcionários, clientes, executivos e até concorrentes).

É claro que isso está acima e além de toda a leitura das demonstrações contábeis e da devida diligência padrão que um possível comum investidor conseguiria fazer.

No entanto, é interessante conhecer o seu checklist até para refletir e buscar algumas respostas antes de investir em ações.

15 Perguntas para Encontrar Empresas Lucrativas

Scuttlebutt
Scuttlebutt era o nome dado ao barril com água onde os marinheiros se reuniam para conversar e trocar informações.

Fisher acreditava que a quantidade e informações que você recebe das empresas é muitas vezes determinada pela competência do investidor.

Dessa forma, ele criou uma lista abrangente de questões de diligência devida que um investidor deveria empregar. Essas perguntas poderiam trazer muitos insights e respostas sobre a qualidade da empresa que pretende investir.

Confira abaixo as 15 perguntas essenciais do famoso “checklist” do Método Scuttlebutt.

É incrível que uma imagem precisa dos pontos relevantes de força e fraqueza de cada empresa em uma indústria pode ser obtida a partir de uma seção transversal representativa da opinião daqueles que de uma forma ou de outra estão preocupados com qualquer empresa em particular”.

Philip Fisher

1 – A empresa possui produtos e serviços com potencial de mercado suficiente para viabilizar um aumento considerável nas vendas por diversos anos? 

Esse ponto é válido tanto para empresas pequenas, como para empresas de alto crescimento e as gigantes da indústria.

Vendas crescentes são a engrenagem motora de qualquer negócio – ninguém consegue crescer sem que as vendas aumentem. No entanto, Fisher acreditava que não são os crescimentos trimestrais ou anuais que interessam.

O que ele está procurando são décadas de crescimento ainda por vir.

As empresas que conseguem obter lucros “uma vez na vida” pelo corte de custos têm pouca chance de se tornarem as grandes vencedoras no longo-prazo. As empresas que conseguem ganhos no curto-prazo também não devem ser as escolhas preferidas dos investidores.

Busque empresas que consigam manter o crescimento no longo-prazo.

Busque empresas que não possuem lucros erráticos, cíclicos ou cheio de não-recorrentes.

2 – A administração está determinada a continuar a desenvolver produtos ou processos que aumentariam ainda mais o potencial do total de vendas caso o potencial de crescimento das linhas de produção mais atraentes no momento já tenha sido explorado exaustivamente?

Será que a empresa continua a buscar por novas formas de crescimento?

Qualquer produto possui uma fase de crescimento.

Se você quer ver crescimento contínuo, deve estar inovando constantemente.

A chave para o sucesso no longo-prazo de qualquer empresas está no setor de Pesquisa  e Desenvolvimento (P&D), e uma das melhores formas de fazer isso é aumentar a base de conhecimento da empresa.

Peter Lynch criou o termo “diworsification”, para classificar aquelas empresas que tentam crescer em áreas não relacionadas com a sua área de conhecimento, tanto por aquisições como por pesquisas.

Concentrando sua P&D nos seus pontos fortes, você estará mais bem preparado para evitar armadilhas no futuro do que entrando em uma área totalmente nova.

O comprometimento com a P&D, e a perseverança em se manter fiel a sua área de conhecimentos, é provavelmente uma das melhores formas de se obter bons resultados no longo-prazo.

Quer aprender como Peter Lynch classifica as empresas? Confira:

3 – Quão são os efetivos esforços da empresa, em pesquisa e desenvolvimento, em relação ao seu porte?

É possível fazer uma avaliação rápida do investimento em P&D pelo balanço patrimonial, mas é importante lembrar-se que o gasto com P&D lá descrito é uma medida bruta.

O que uma empresa pode considerar como customizar o produto para um cliente a outra pode considerar gasto com P&D, alegando a criação de um produto diferenciado.

Você sabe o que é P&D?

Nós precisamos saber o que é realmente P&D, e depois verificar quanto a P&D está conseguindo trazer de retornar. Isso será consequência direta da qualidade dos pesquisadores e da efetividade com que a administração consegue molda-los e conduzi-los.

A administração deve assegurar-se, acima de tudo, que a equipe de P&D está desenvolvendo produtos que tenham custos de produção competitivos e que sejam tecnicamente atrativos para os clientes potenciais.

Quanto suporte de longo-prazo é dado a P&D?

Interromper projetos podem melhorar os resultados no curto-prazo, mas comprometer pesquisas de longo-prazo, causar insegurança entre os pesquisadores que podem afetar os resultados com o passar dos anos, não.

Cortes de curto-prazo podem ocasionar a interrupção de pesquisa de longo-prazo se nenhum resultado for obtido rapidamente.

Quanto é gasto em pesquisa de mercado, parte sempre relegada ao segundo plano na P&D?

Se não pesquisarmos bem o nosso mercado potencial poderemos acabar gastando fortunas pesquisando e desenvolvendo coisas que ninguém vai usar.

4 – A empresa tem uma organização em vendas acima da média?

Considera-se que vendas e marketing são as partes mais importantes do negócio.

É claro que, se não houver vendas, o negócio não conseguirá gerar dinheiro. Da mesma forma que vendas e marketing superiores podem fazer com que um produto inferior domine o mercado.

Segundo Fisher, o primeiro parâmetro de sucesso de uma firma é a reincidência de vendas para satisfazer clientes.

Vendas recorrentes devem ser alinhados ao poder da marca (branding).

Quanto mais conhecida for uma marca, mais disponíveis ficarem seus produtos, mais frequentemente as pessoas voltarem para comprar e mais leais forem ao fabricante, melhores terão sido os resultados do departamento de vendas e marketing.

O tempo e dinheiro que uma empresa aloca para melhorar sua capacidade de vendas, através de treinamento e educação, podem ser indicadores do sucesso de vendas.

5 – A empresa possui uma margem de lucro considerável?

O que mais interessava a Fisher era a margem operacional – quanto, em termos de dinheiro, uma empresa consegue fazer em cima de suas operações, expresso em percentual de vendas.

Empresas com margens estreitas terão maior tendência a apresentar variabilidade de resultados. Isto quer dizer que, quando atravessando momentos difíceis, suas margens poderão cair mais do que as empresas com margens superiores.

Da mesma forma, em períodos prósperos suas margens deverão crescer proporcionalmente mais, por estarem começando de patamares mais baixos. Uma oscilação de margens como essas (que podem não resistir muito em períodos mais difíceis) não contribuem para uma história de sucesso no longo-prazo.

Em termos de investimento, Fisher acreditava que as melhores oportunidades nunca vinham de empresas com pequenas margens.

Olhando o histórico de empresas maiores e mais antigas, os melhores investimentos vieram daquelas com grandes margens que serviam como proteção contra os altos e baixos do curto-prazo.

Saiba quais são os principais demonstrativos financeiros das empresas:

6 – O que a empresa faz para manter ou melhorar as margens de lucro?

As pessoas estão muito mais interessadas em empresas que elas acreditem que se sairão melhor no futuro, principalmente se perceberem que elas passam desapercebidas pelo investidor mediano.

Quando a informação cai no domínio público é considerada menos valiosa.

Isso reforça a ideia que o futuro intangível de uma companhia é muito mais valioso que o seu passado concreto.

Ninguém consegue ficar mais rico em cima de lucros passados. São as margens futuras que contam. Nós não poderemos garantir quais serão elas, mas podemos verificar quais empresas estão trabalhando no sentido de aumenta-las.

As margens de lucro estarão sempre pressionadas. Custos trabalhistas, taxas, matérias-primas, todos os gastos de uma companhia tendem a crescer com o tempo.

Existem duas formas de lidar com o problema de forma a aumentar ou preservar as margens.

Primeiro pode-se aumentar os preços, uma opção viável para empresas que possuam forte demanda ou fraca concorrência. Infelizmente, essa é uma solução de curto-prazo que não conseguirá ser mantida por muito tempo.

Quando outras companhias virem o aumento de lucros provenientes do aumento de preços, tenderão a aumentar também a produção. Isso acaba com a vantagem. A presença de uma concorrência extra reduz a possibilidade de se aumentar os preços para cobrir futuros aumentos de custos.

Muito melhor seria se a companhia conseguisse adotar uma política de aperfeiçoamento continuo da sua efetividade.

Uma solução apenas não resiste por muitos anos, porquê no ano seguinte existirão novos problemas diferentes. Sucessos de curto-prazo poderão nos distrair e permitir com que pressões de longo-prazo passem desapercebidas.

Uma empresa de sucesso deve estar sempre aperfeiçoando a forma com que executa suas tarefas, seja através de:

  • Melhoramento da produção pela implementação de novos métodos
  • Aquisição de novos equipamentos para redução de custos
  • Aperfeiçoamento da sua força de trabalho de maneira a se tornar mais efetiva
  • Procurando alternativas mais baratas como, por exemplo, métodos de transporte mais em conta.

7 – A empresa possui boas relações (trabalhistas) com seu quadro de pessoal?

Quando a maioria das pessoas pensa em relações trabalhistas as primeiras palavras que vem a cabeça são greve e sindicato.

A única forma de enfraquecermos essa associação é através de boas relações trabalhistas.

Uma greve indica que as relações se quebraram. Se toda diretoria é composta por membros do sindicato, existem boas chances disso ter acontecido porquê no passado os trabalhadores possuíam pouca esperança de serem tratados com justiça, e que as negociações com a diretoria se faziam necessárias.

A ausência de greves não significa que as relações sejam maravilhosas também. Ao invés disso, elas podem não ter acontecido devido a uma administração fraca com receio das consequências de um conflito.

Uma alta rotatividade de diretores pode ser um bom indicador de más relações de trabalho.

Se gerentes e trabalhadores estão satisfeitos uns com os outros, eles conseguem trabalhar juntos para aumentar a produtividade da firma e ninguém precisará ir embora. Por outro lado, trabalhadores infelizes, serão mais propensos a abandonar o barco, seguidos por um maior giro de executivos.

Se uma empresa está bem estabelecida, um baixo índice de participação do sindicato poderá indicar que a administração conseguiu lidar satisfatoriamente com seus problemas no passado.

O inverso pode não ser verdadeiro.

Uma sindicalização crescente não quer dizer necessariamente que existam problemas nas relações trabalhistas. Várias empresas de sucesso construíram bons relacionamentos em ambientes altamente sindicalizados.

Se possível, busque responder:

  • Será que a companhia na qual você está pensando em investir é uma empregadora popular?
  • Ela é considerada uma das melhores empresas para se trabalhar?
  • As vagas são preenchidas rapidamente?
  • Os trabalhadores se demitiriam de uma concorrente próxima pela possibilidade de trabalhar lá?

Os trabalhadores possuem favoritas entre as indústrias dos mais diversos setores, vale a pena sabermos quais são elas.

Salários também são importantes.

Embora nós desejemos que nossas empresas mantenham suas margens de lucro altas através de um rígido controle de custos, os níveis de salários mais efetivos raramente são os mais baixos. Um salário justo e decente normalmente leva os trabalhadores a ficarem mais motivados e obterem maior eficiência para a empresa.

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8 – A empresa tem boas relações com seus executivos?

Nós vimos no ponto anterior como é importante para uma companhia possuir trabalhadores felizes, mas é muito importante que seus executivos também sejam felizes.

Eles são as pessoas do nível de decisão e cuja ambição e ingenuidade irão influir diretamente nos destinos da companhia. Se as relações com executivos forem pobres duas coisas podem acontecer.

Primeiro a demissão, gerando a necessidade de substituição por outras pessoas que necessitarão de tempo para aprender o novo trabalho. A segunda é a acomodação, já que não conseguem condições para trabalhar eficientemente.

Algumas vezes pode ser importante trazer sangue novo de fora para dentro, mas os executivos que trabalham na firma não devem achar que foram colocados de lado e necessitam se sentir satisfeitos e recompensados pelas suas realizações.

A presença frequente de “headhunters” na firma é um sinal de que as coisas não estão indo muito bem.

9 – A empresa vai a fundo na sua administração?

Quando uma companhia está começando é possível que ela consiga vencer pelas mãos de uma só pessoa. Mas quando ela vai crescendo isso vai se tornando cada vez mais difícil. Mais detalhes necessitam ser acompanhados, decisões necessitam ser tomadas, o que acaba sendo muita coisa para uma pessoa.

É por isso que a delegação para as pessoas certas é importante.

Todos os gerentes devem receber autoridade e responsabilidade pela sua área sem interferências desnecessárias do CEO.

Muitos empresários acham difícil permitirem as coisas andarem dessa maneira, motivo pelo qual acabam vendendo a companhia depois que o crescimento ultrapassou um certo ponto. É um sacrifício, mas eles se sentem melhores assim do que conduzindo a administração à distância.

É necessário flexibilidade.

A maioria das empresas começa com um sócio fundador que tem a ideia de iniciar alguma coisa nova ou fazer algo diferente. Se as possibilidades de continuar seguindo esse caminho são limitadas, o resultado acaba sendo a estagnação.

Quando olhamos para uma empresa, queremos ver uma administração vitoriosa e uma ampla cultura de delegação.

Queremos ver também flexibilidade e a avaliação de novas ideias, não importa quanto elas divergem da forma como as coisas são feitas hoje em dia.

Recomendo a leitura:

10 – A empresa tem uma boa análise de gastos e controle de custos?

Embora o cabeça da organização não consiga acompanhar cada detalhe da empresa, é importante que alguém de dentro faça isso.

Um dos pontos chaves para o aperfeiçoamento do negócio é a atenção aos detalhes. Uma boa análise de custos irá mostrar aos administradores aonde é necessário concentrar esforços para maximizar a eficiência das operações.

Em muitos casos, as fusões e aquisições acontecem para maximizar a eficiência do negócio. Se uma companhia vende uma divisão, não quer dizer necessariamente que ela seja ruim. Pode apenas significar que a companhia pode fazer melhor uso daquele dinheiro em algum outro lugar.

Sem um estudo acurado dos diversos processos envolvidos em um negócio é difícil dizer aonde podem ser feitas melhorias. As empresas podem acabar vendendo produtos que divergem do negócio como um todo.

É muito difícil avaliar se um controle de custos está sendo feito da maneira correta. Como investidores apenas temos acesso a documentos públicos, que normalmente trazem poucos detalhes nessa área.

Apenas quando alguma coisa vai muito mal é que temos uma visão melhor do quadro.

Números apenas não são suficientes. Uma abundância de valores de gastos não é substituto para a precisão.

Se os administradores estiverem baseando suas decisões em cima de dados errados, não tomarão as decisões corretas. A não ser que você conheça pessoalmente o departamento de contabilidade terá que assumir que o controle de custos se comporta da mesma maneira que você avalia toda a administração.

Saiba como as empresas devem lançar suas receitas e despesas no DRE:

11 – Existem outros aspectos do negócio, peculiares ao seu segmento de atuação, que irão fornecer ao investidor pistas importantes sobre como a empresa pode sobressair com relação a seus concorrentes?

Um critério muito vago. O que é importante para indústria pode não ser para outra.

A localização é importante?

Para uma empresa do varejo, pode ser vital, mas para uma manufatura pode não ser. Em alguns casos, é uma coisa que pode ser calculada. Varejistas podem estar interessados em minimizar os custos do ponto para aumentar as vendas, enquanto uma editora pode estar mais interessada na quantidade de livros encalhados em relação às vendas.

Uma coisa que fica clara é a força de uma patente.

Patentes podem ser uma faca de dois gumes. Por um lado protegem a firma do risco de serem copiadas pela concorrência. Uma nova companhia necessita de tempo para crescer e precisa proteger-se contra a violação da sua propriedade intelectual enquanto faz isso. Por outro lado, é importante que uma companhia que possua uma proteção de patente não se acomode.

Uma patente tem vida limitada e, se uma companhia depender tanto dessa patente, acabará sendo ameaçada. Após a patente expirar, a concorrência criará uma guerra de preços.

A pesquisa e desenvolvimento têm que trabalhar continuamente para manter a liderança sobre a concorrência.

As outras empresas estarão sempre tentando encontrar uma forma melhor de fazer as coisas. Quando os concorrentes encontram uma firma que possui a vantagem de um produto patenteado, procuram por uma forma de alcançar um resultado semelhante de outra maneira.

As empresas que estão continuamente procurando por novas possibilidades podem deixar a concorrência a ver navios.

Para saber mais sobre a importância da vantagem competitiva de uma empresa, acesse:

12 – A empresa possui uma estratégia de curto ou longo-prazo em relação aos lucros e resultados?

Por exemplo, vamos supor que uma empresa seja proprietária de um processo e queira licenciá-lo a outras empresas. Uma possibilidade seria vender tudo de uma vez só, o que permitiria aos consumidores utilizarem o processo pelo resto de suas vidas.

O resultado seria um grande lucro naquele ano, mas o que dizer do ano seguinte?

Poderia não haver mais nenhuma licença nova e o os lucros reduzir-se-iam a zero. Por outro lado, vender uma licença renovável a um custo inicial mais baixo iria gerar um fluxo de caixa constante no futuro.

Deve-se levar em consideração a flexibilidade existente entre fornecedores e clientes. Se uma companhia exagerar nos lucros, ela ou seus fornecedores poderão ficar fora do mercado.

Por exemplo, a  Coca-Cola segurou as vendas por muito tempo controlando o preço pelo qual as engarrafadoras poderiam vender seus produtos aos clientes. Isso tirou delas a capacidade de reagir a mudanças nas condições do mercado pela alteração de preços.

13 – No futuro, é provável que o crescimento da empresa necessitará da emissão de mais ações para financiar seu negócio, de maneira que o grande número de ações irá anular o benefício dos acionistas que se anteciparam a esse crescimento?

Estamos falando aqui da capacidade financeira da empresa desenvolver o seu negócio.

O ideal seria que a companhia conseguisse os recursos necessários para expandir o negócio dentro da própria empresa. Mas, se estivermos lidando com uma companhia de crescimento rápido isso será complicado porquê elas costumam expandir-se mais rápido que seus lucros permitem.

Se a empresa é vitoriosa, ela será capaz de pegar dinheiro emprestado no mercado lastreado na sua força administrativa, produtos e previsão de crescimento. Com o passar dos anos esse crescimento deverá gerar fundos o suficiente não apenas para cobrir as dívidas, mas também para recompensar os acionistas pelo período de lucros reduzidos durante a fase inicial de expansão.

Se a companhia não conseguir recursos necessários para financiar sua expansão dentro da própria empresa ou pela tomada de empréstimos, a solução será efetuar o financiamento do seu patrimônio. A companhia terá que emitir novas ações de forma a conseguir o dinheiro que necessita, diluindo a percentual de seus acionistas.

O financiamento de patrimônio pode ser uma coisa boa para os acionistas existentes se o crescimento gerado por esse financiamento conseguir superar a quantidades de novas ações emitidas.

Por exemplo, se os lucros crescerem 20%, então um acréscimo de 10% no número total de ações pode ser aceitável. Mas, se for necessário dobrar o número de ações existentes para se conseguir esse crescimento de 20%, então, certamente essa não terá sido uma boa coisa para os antigos acionistas.

Leia também:

14 – A empresa fala abertamente a seus acionistas, mas “se fecha” em situações conturbadas e diante de decepções?

É sabido que, quando as coisas vão bem para uma empresa, as notas à imprensa correm frouxas, mas quando as coisas dão errado, tirar alguma coisa da empresa pode ser mais difícil que arrancar leite de pedra.

É muito comum as pessoas ficarem orgulhosas quando as coisas dão certo, mas assumir a responsabilidade por todas as coisas que acontecem dentro da empresa é sinal de maturidade.

Nada na vida dá sempre certo.

“Espere o inesperado” é um ditado maravilhoso, mas, por definição, impraticável.

Você não pode antecipar todas as eventualidades, mas o principal é não entrar em pânico.

A empresa que não mantém seus investidores atualizados é destinada a não conseguir resolver seus próprios problemas. É necessário manter os erros em segredo?

Você deve procurar por empresas que irão superar os problemas em seus negócios, e que desejem manter seus investidores o mais atualizados possível sobre o seu progresso.

Preocupado com cotação? Leia agora:

15 – A empresa conta com uma administração de integridade inquestionável?

Fisher, muito apropriadamente, elege esse ponto como o mais importante dos 15.

Quando você está investindo em uma companhia, não está investindo apenas nos seus produtos e serviços, mas, também, na habilidade da companhia fazer um bom uso do seu dinheiro.

Os administradores devem saber exatamente o que está sendo feito com o dinheiro confiado a eles pelos acionistas.

Esta responsabilidade não pode ser extrapolada.

Não importa se o potencial da empresa é gigantesco, se você não tem confiança na capacidade dela de colocar o interesse dos acionistas em primeiro lugar, restam poucas dúvidas de que o seu dinheiro deveria estar sendo investido em outro lugar.

O que realmente conta é uma gestão que tem tanto a determinação de alcançar maior crescimento quanto a capacidade de levar seus planos a conclusão.”

Phillip Fisher

Livro: Ações Comuns, Lucros Extraordinários

Se você não leu o livro de Philip Fisher, Ações Comuns, Lucros Extraordinários (link afiliado) eu recomendo fortemente.

Se você já leu, leia novamente.

As filosofias que Fisher defende dentro são aplicáveis ​​mesmo nos dias de hoje. É um dos livros de investimento mais famosos que inspirou legiões ao longo dos anos, incluindo Warren Buffett.

Ações Comuns, Lucros Extraordinários
Livro clássico de Philip Fisher.

Conclusões

Neste artigo trouxe o checklist do lendário Philip Fisher para encontrar empresas lucrativas.  Através do Método Scuttlebutt, o investidor deve responder 15 perguntas chaves. São elas:

  1. A empresa possui produtos e serviços com potencial de mercado suficiente para viabilizar um aumento considerável nas vendas por diversos anos?
  2. A administração está determinada a continuar a desenvolver produtos ou processos que aumentariam ainda mais o potencial do total de vendas caso o potencial de crescimento das linhas de produção mais atraentes no momento já tenha sido explorado exaustivamente?
  3. Quão são os efetivos esforços da empresa, em pesquisa e desenvolvimento, em relação ao seu porte?
  4. A empresa tem uma organização em vendas acima da média?
  5. A empresa possui uma margem de lucro considerável?
  6. O que a empresa faz para manter ou melhorar as margens de lucro?
  7. A empresa possui boas relações (trabalhistas) com seu quadro de pessoal?
  8. A empresa tem boas relações com seus executivos?
  9. A empresa vai a fundo na sua administração?
  10. A empresa tem uma boa análise de gastos e controle de custos?
  11. Existem outros aspectos do negócio, peculiares ao seu segmento de atuação, que irão fornecer ao investidor pistas importantes sobre como a empresa pode sobressair com relação a seus concorrentes?
  12. A empresa possui uma estratégia de curto ou longo-prazo em relação aos lucros e resultados
  13. No futuro, é provável que o crescimento da empresa necessitará da emissão de mais ações para financiar seu negócio, de maneira que o grande número de ações irá anular o benefício dos acionistas que se anteciparam a esse crescimento?
  14. A empresa fala abertamente a seus acionistas, mas “se fecha” em situações conturbadas e diante de decepções?
  15. A empresa conta com uma administração de integridade inquestionável?

Sem sombra de dúvidas Philip Fisher foi um grande investidor na sua época.

Sua filosofia de investimentos faz parte da filosofia do investimento em valor, pois ele sempre buscava empresas extraordinárias, não apenas com bons balanços financeiros, mas principalmente de excelente qualidade do negócio, integridade e governança da administração.

No entanto, poucos investidores seriam capazes de acompanhar todos eles, e muitas vezes alguns deles se provarão quase impossíveis de serem monitorados.

Apesar de ser muito difícil (ou até impraticável) usar o Scuttlebutt e obter as respostas dessas perguntas, o investidor deve ao menos refletir sobre elas enquanto estuda as empresas que pretende investir.

Ele pode guiar seus estudos encontrando as respostas dessas perguntas ao ler um relatório de administração e outros balanços da empresa, por exemplo.

O que podemos ganhar a partir dessas perguntas é a compreensão do tipo de coisa que as verdadeiras grandes empresas, ao menos, deveriam estar fazendo.

Bons investimentos!

Leitura recomendada (link afiliado)

Fontes de consulta

  • http://www.fundamentus.com.br/pagina_do_ser/quinzepontos.htm (oficinal: http://www.fool.co.uk/ruleshaker/2000/rs000714.htm)
  • http://www.scuttlebuttinvestor.com
  • https://foragerfunds.com/news/bristlemouthphil-fisher-and-art-scuttlebutt/
  • http://buffettpedia.com/2017/03/philip-fishers-scuttlebutt-method/
  • https://www.gurufocus.com/news/226952/the-scuttlebutt-approach-and-15-questions-an-intelligent-investor-or-owner-will-ask
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