O Produto Interno Bruto, mais conhecido como PIB, é um importante indicador monetário que reflete o desenvolvimento das atividades econômicas de um dado local em um período de tempo estipulado.
Apesar de ser um índice importante, ele não reflete a realidade da divisão do dinheiro entre a população de um local, pois na prática os valores não são divididos igualitariamente. O PIB é, portanto, um indicador genérico das condições econômicas.
Como investidores, é interessante acompanharmos a evolução do PIB no país. Trata-se de um indicador macroeconômico que pode nos ajudar a entender o estado atual da economia e o que pode vir pela frente.
Nesse artigo você vai aprender:
- Como funciona o PIB?
- Quais são os problemas do PIB?
- Porque o PIB pode ser útil para os investidores?
Índice de Conteúdo
- O que é o Produto Interno Bruto?
- Maiores Produtos Internos Brutos – PIB
- Menores Produtos Internos Brutos – PIB
- O problema do Produto Interno Bruto
- PIB para Economistas e Investidores
- Como o PIB afeta os Investimentos
- Por que o PIB não se correlaciona com o retorno do investimento
- O que afeta diretamente os preços das ações e dos títulos?
- Conclusões
- Confira também
O que é o Produto Interno Bruto?
O PIB é um indicador que tem como base a soma de todas as riquezas produzidas num dado local, sendo que para tanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, considera a quantidade de veículos, alimentos, os serviços ofertados, os estoques produzidos, excetuando-se dos cálculos os custos de produção embutidos nos produtos.
A base dos cálculos é a agropecuária, a indústria, os serviços e os impostos sobre os produtos, sendo que itens já considerados em anos anteriores não são contabilizados.
O Produto Interno Bruto – PIB, está intimamente relacionado ao Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, de modo que o acesso aos bens de consumo e serviços são considerados como elementos essenciais do desenvolvimento de uma dada sociedade.
Como funciona o PIB?
O Produto Interno Bruto – PIB, tem como função a medição das atividades econômicas, bem como o conhecimento dos níveis de riqueza de uma dada região.
Assim, quanto maiores os índices de produção, entende-se que maiores serão os índices de consumo, investimentos e comercializações.
Para que os dados sejam conhecidos, são utilizados cálculos que levam em consideração a população como um todo, medindo quanto do total caberia à cada um dos habitantes daquele local, se as divisões fossem efetuadas igualitariamente.
Itens contabilizados para o PIB
Existem algumas coisas que são calculadas, e outras que não são incluídas nas medições.
Assim, entram nos cálculos do PIB os bens e produtos finais, ou seja, aqueles que são vendidos aos consumidores finais, o que se estende de bens simples (alimentos) até aqueles mais complexos (veículos). São calculados ainda os serviços prestados, ou seja, tudo aquilo que for desenvolvido e que, para tanto, seja remunerado.
Entram neste quesito desde os serviços bancários até os custos com funcionários do lar.
Entram ainda nos cálculos do Produto Interno Bruto – PIB, os investimentos realizados, ou seja, tudo aquilo que é investido por empresas e pessoas para o futuro. São contabilizados também os gastos governamentais, como salários dos funcionários públicos até a compra de armamentos e suprimentos variados.
Itens não contabilizados para o PIB
Dentre os itens que não são contabilizados para calcular o Produto Interno Bruto, de um dado local estão os bens intermediários, que são aqueles produtos utilizados para produção de outros bens.
Por exemplo, os recursos que são utilizados na indústria para produção de produtos finais, os quais serão vendidos aos consumidores. Portanto, esses serão contabilizados somente a partir do produto final.
Não são contados ainda os serviços não remunerados, como voluntariado ou trabalho doméstico. Bens que já existem não entram nos cálculos, mas somente produtos novos naquele período contado.
Assim, veículos ou imóveis já existentes não entram na soma. Ainda, não são consideradas as atividades informais, como aquelas desenvolvidas sem carteira assinada, bem como trabalhos ilegais, como contrabando, descaminho ou tráfico.
Maiores Produtos Internos Brutos – PIB
Os dados do Fundo Monetário Internacional – FMI, no documento “World Economic Outlook Database” para abril de 2021, mostram os 15 países melhores classificados no PIB. São eles: Em primeiro lugar os Estados Unidos, seguidos da China, Japão, Alemanha, Reino Unido, Índia, França, Itália, Canadá, Coreia do Sul, Rússia e Brasil.
Verifica-se que boa parte dos países que ocupam as primeiras posições no PIB são também aquelas que apresentam um intenso processo de desenvolvimento econômico.
O que não é uma regra, de modo que o Brasil, por exemplo, é um país considerado como emergente no cenário econômico atual, no entanto, tem um dos melhores PIB do mundo.
Dentre os estados brasileiros, os que ocupam o maior PIB em relação ao cenário nacional são: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Já em relação às regiões, o Sudeste ocupa o primeiro lugar num contexto de Brasil, ficando em segundo lugar o Sul, em terceiro o Nordeste, depois o Centro-Oeste e por último o Norte.
Menores Produtos Internos Brutos – PIB
Os baixos índices de PIB representam uma estagnação ou retrocesso na economia do local, uma vez que o indicador reflete o potencial da economia de um país.
É relevante destacar que o PIB não está relacionado fielmente ao padrão de vida da população, pois é um indicador meramente econômico.
Para medição da qualidade de vida da população é utilizado um indicador denominado de Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, sendo que neste são considerados a escolarização, acesso aos serviços básicos, dentre outros.
O Brasil é um exemplo da discrepância entre o PIB e a qualidade de vida, uma vez que o país está entre os melhores PIB do mundo, enquanto que em relação ao IDH encontra-se na 84ª posição em 2020, juntamente com uma ilha do Caribe, denominada de Granada.
Em relação aos estados do Brasil, o que apresenta pior PIB é Roraima, em segundo lugar estando o Acre, em terceiro encontra-se o Amapá, seguido do Tocantins, Rondônia, e ainda Piauí, Sergipe e Alagoas.
O problema do Produto Interno Bruto
O PIB é um indicador bastante criticado por pesquisadores de várias áreas, uma vez que não possui a capacidade de avaliar as reais condições de vida de uma população.
O indicador não avalia se as pessoas são alfabetizadas, se possuem condições de atendimento em serviços básicos, como na área da saúde, nem os danos ambientais ocasionados pelo crescimento econômico intenso.
É um indicador que se pauta exclusivamente em uma questão monetária, e exclui as demais dimensões do desenvolvimento.
Além disso, o produto final do PIB não é dividido igualitariamente entre a população, assim, um país pode ter um PIB muito elevado, no entanto, ao mesmo tempo pode haver uma extrema concentração de renda nas mãos de uma pequena parcela da população.
Por esses e outros motivos é que o PIB não deve ser avaliado isoladamente, mas sempre em conjunto com outros indicadores, buscando-se contextualizar os dados obtidos.
PIB para Economistas e Investidores
O PIB é uma medida importante para economistas e investidores porque é uma representação da produção econômica e do crescimento.
PIB para os Economistas
Tanto a produção econômica quanto o crescimento têm um grande impacto em quase todos dentro de uma determinada economia.
Quando a economia está saudável, geralmente há um nível mais baixo de desemprego, e os salários tendem a aumentar à medida que as empresas contratam mais mão-de-obra para atender à crescente demanda da economia.
Os economistas analisam o crescimento positivo do PIB entre diferentes períodos de tempo (geralmente ano a ano) para fazer uma avaliação do quanto uma economia está florescendo.
Por outro lado, se houver crescimento negativo do PIB, pode ser um indicador de que uma economia está dentro ou se aproximando de uma recessão ou uma recessão econômica.
PIB para os Investidores
A compreensão do Produto Interno Bruto (PIB) é importante para os investidores, pois pode afetar a forma como os mercados financeiros se comportam, positiva e negativamente.
Os investidores prestam atenção ao PIB porque uma mudança percentual significativa no PIB – para cima ou para baixo – pode ter um impacto significativo no mercado de ações.
Em geral, uma economia ruim geralmente significa lucros menores para as empresas. E isso pode se traduzir em preços mais baixos das ações.
Os investidores podem prestar atenção ao crescimento positivo e negativo do PIB quando estão elaborando uma estratégia de investimento.
No entanto, é importante notar que, como o PIB é uma medição da economia no trimestre ou ano anterior, ele é melhor usado para ajudar a explicar como o crescimento econômico e a produção impactaram seus estoques e seus investimentos no passado. Não é considerado um preditor útil de como o mercado se moverá no futuro.
Como o PIB afeta os Investimentos
Embora o crescimento do PIB influencie os mercados financeiros, os investidores não devem tentar correlacionar diretamente o crescimento do PIB, seja positivo ou negativo, com retornos do mercado de ações ou do mercado de títulos.
Há uma conexão entre a força da economia global e os mercados financeiros, mas é tipicamente bastante frouxa e evidente apenas por períodos muito longos de tempo.
Por um lado, o PIB é um indicador de atraso, o que significa que mostra o que a economia fez no passado, embora recentemente.
Nos EUA, o PIB de um trimestre não é divulgado pelo Bureau of Labor Statistics do Departamento de Comércio dos EUA até o final do mês seguinte. Além disso, o relatório inicial está sujeito a duas revisões subsequentes.
No entanto, investir é em grande parte um processo futuro.
Os investidores compram ou vendem ações e títulos com base no que eles pensam que a direção do crescimento futuro do PIB será, e como isso afetará seus investimentos individuais, não como ele se saiu no passado.
Embora o desempenho passado possa fornecer alguma indicação de como a economia provavelmente se sairá no futuro, não há garantia de que o futuro seguirá o mesmo padrão.
Para os investidores de títulos de dívida, a direção do PIB muitas vezes tem o efeito oposto.
Um forte crescimento do PIB geralmente significa uma maior demanda por empréstimos por parte das empresas e consumidores, e muitas vezes é um sinal de inflação iminente. Isso geralmente se traduz em taxas de juros mais altas, o que deprime os preços dos títulos.
Por outro lado, a queda do PIB geralmente significa pressões inflacionárias mais baixas, bem como diminuir a demanda por empréstimos, o que geralmente significa taxas de juros mais baixas e preços mais altos de títulos.
Recomendo a leitura:
Por que o PIB não se correlaciona com o retorno do investimento
Em um número, o PIB de um país é capaz de transmitir uma gama muito limitada de informações sobre a economia daquele país. Apesar disso, continua sendo um ponto de dados útil e útil para economistas e investidores.
Teoricamente, segundo alguns analistas, os ganhos de investimento devem se correlacionar mais estreitamente com o crescimento do PIB. Afinal, argumentam, a economia subjacente impulsiona os lucros corporativos e, portanto, o lucro por ação, o que eventualmente determina o preço das ações de uma empresa. No longo prazo, os ganhos corporativos agregados aumentam quando a economia cresce ou vice-versa.
No entanto, isso só funciona quando a economia de um país é fechada, as avaliações permanecem constantes e se apenas as empresas nacionais estiverem listadas no mercado de ações de um país.
É claro que vivemos em uma economia global, onde muitas, se não a maioria, empresas de capital aberto operam em muitos países. Como resultado, sua atividade é afetada pelas condições de negócios, leis, taxas de juros, política fiscal e monetária, valores cambiais e outros fatores em cada lugar.
O que afeta diretamente os preços das ações e dos títulos?
Embora haja alguma correlação entre o retorno do mercado de ações e o PIB de um país, essa correlação é limitada e mantém-se verdadeira apenas por períodos muito longos. Muitas coisas vão para determinar o preço das ações, o PIB sendo apenas uma delas.
O PIB também pode ter pouca influência sobre o valor dos investimentos individuais, que é mais diretamente determinado por:
- oferta e demanda por esse estoque,
- renda
- dividendos e recompra de ações,
- fusões e aquisições,
- Produtos
- a qualidade da gestão
- e muitos outros fatores.
De fato, houve pouca correlação direta entre o crescimento do PIB e os preços das ações nos anos de 2007 a 2017. Na esteira da crise financeira de 2008 nos EUA, o S&P 500 caiu mais de 40%, enquanto o crescimento do PIB do país diminuiu cerca de nove pontos percentuais de sua taxa de crescimento máxima em 2005 para seu ponto mais baixo no início de 2009, quando a economia encolheu 2%.
Desde então, os preços das ações e títulos subiram acentuadamente, mesmo com o crescimento do PIB sendo fraco e desigual globalmente. Nos EUA, por exemplo, o crescimento do PIB foi inferior a 2% ao ano desde a recessão global em 2008, enquanto o S&P 500 mais do que triplicou com um ganho médio anual de mais de 27%, sem incluir dividendos.
Uma grande razão para esses aumentos nos preços das ações e títulos tem sido as ações sem precedentes dos bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, o Federal Reserve dos EUA, o Banco do Japão e o Banco Central Europeu.
Essas instituições mantiveram as taxas de juros de curto prazo em ou perto de zero por oito anos, enquanto compram grandes quantidades de títulos públicos, corporativos e hipotecários, a fim de reduzir as taxas de longo prazo. Essas políticas visavam tornar os títulos e outros instrumentos de renda fixa menos atraentes, reduzindo seus rendimentos, empurrando assim os investidores para investimentos mais arriscados, como ações.
Como o crescimento do PIB tem sido tão fraco na última década, muitas corporações achavam adequado não investir em crescimento em suas próprias empresas ou contratar novos trabalhadores.
Em vez disso, eles mantiveram os lucros, recompraram suas próprias ações ou aumentaram seus dividendos, o que também fez os preços das ações subirem.
Leia também:
- Porque Investir em Ações na Bolsa de Valores?
- Tripé Macroeconômico: O que é e qual sua importância para os investidores
Conclusões
O Produto Interno Bruto (PIB) é um dos indicadores mais comuns utilizados para acompanhar a saúde da economia de uma nação.
O cálculo do PIB de um país leva em consideração uma série de fatores diferentes sobre a economia daquele país, incluindo seu consumo e investimento.
O PIB é uma medida importante do crescimento econômico, da saúde e do tamanho de um país, e influencia na direção dos mercados financeiros.
No entanto, muitas coisas impactam o preço dos investimentos individuais, muito mais de perto e diretamente do que o PIB. Como muitas empresas operam em vários mercados internacionais, suas fortunas estão ligadas à dinâmica de múltiplas economias, não apenas uma.
Entender como funciona e a evolução do PIB de um país é muito útil de forma macro e geral para os investidores (e principalmente se você for residente daquele país).
A taxa de crescimento e os valores podem ajudar a entender como vem crescendo e de que forma (se acelerada ou lenta) a economia vem melhorando. Sinais de recessão, quando o país tem valores negativos de PIB podem ser úteis para investidores.
De toda forma, não existe sinais e análises perfeitas e únicas. Entender o funcionamento do PIB é apenas mais um dos conceitos que o investidor deve compreender. Nunca apoie suas decisões unicamente a esse indicador.
Bons investimentos!
Leitura recomendada
- Mercado Financeiro: Objetivo e Profissional, 2ª ed, 2011 – por Oliveira e Pacheco
- Investimentos, 3ª ed, 2015 – por Mauro Halfeld
Fontes de consulta
- https://www.fxcm.com/markets/insights/why-understanding-gdp-is-crucial-for-investors
- https://www.investopedia.com/ask/answers/what-is-gdp-why-its-important-to-economists-investors
- https://www.estudopratico.com.br/o-que-e-e-como-funciona-o-pib/
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