7 Armadilhas na Avaliação de Empresas que o Investidor deve Evitar

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Avaliação de empresas
Números, planilhas e jargões de contabilidade: saiba como lidar com as informações financeiras sem cair em armadilhas durante a avaliação de empresas!

Durante as análises de empresas, os investidores precisam lidar com números e padrões de contabilidade.

Saber como lidar com eles, entender o que eles representam e suas limitações são os primeiros passos para evitar cair em armadilhas que podem atrapalhar os processos decisórios.

Separei 7 armadilhas que o investidor deve evitar durante suas avaliações. Certamente existem diversas outras, mas acredito que elas são um bom ponto de partida. Confira:

A precisão é fundamental na análise de investimentos.

Investidores em valor frequentemente tomam decisões com base na análise detalhada das demonstrações financeiras das empresas. Portanto, é crucial que todos os cálculos sejam realizados corretamente.

Usar números incorretos, seja por erro de digitação ou por dados desatualizados, pode levar a conclusões errôneas e decisões de investimento prejudiciais. Por exemplo, um pequeno erro ao inserir o lucro líquido ou o patrimônio líquido pode distorcer significativamente métricas importantes como o P/L (Preço/Lucro) ou o ROE (Return on Equity).

Para evitar essa armadilha, é essencial revisar cuidadosamente todos os dados de entrada e, se possível, utilizar fontes confiáveis e atualizadas.

Além disso, a utilização de ferramentas de software de análise financeira e análise fundamentalista pode ajudar a minimizar erros humanos.

Se todas as vendas de uma empresa são à vista e todas as compras são pagas no ato, estamos falando em regime de caixa (ou contabilidade de caixa).

Se, por outro lado, a empresa fornece bens e serviços que são pagos posteriormente ou recebe as mercadorias dos fornecedores e paga por elas em outra data, estamos falando em regime de competência (ou contabilidade baseada em exercício).

Na hora de realizar as análises financeiras das empresas, os investidores precisam entender que as receitas, despesas e lucros, que transitam no Demonstrativo do Resultado do Exercício, não necessariamente transitou pelo Caixa.

Então uma empresa pode muito bem gerar receita, dar lucro e ao mesmo tempo estar com sérios problemas em Caixa!

Saber analisar um Demonstrativo de Fluxo de Caixa é importante para saber se a empresa consegue gerar caixa devido a suas operações, e se consegue cobrir os investimentos e financiamentos de suas atividades.

Ao longo dos anos, as empresas podem registrar grandes lucros ou prejuízos devido a eventos inesperados, como catástrofes naturais, reestruturações corporativas, mudanças nas políticas governamentais ou ações judiciais.

Esses eventos são geralmente reportados nas demonstrações financeiras sob rótulos como “lucro não recorrente” ou “prejuízo não recorrente”.

Quando estiver avaliando uma empresa, é crucial ajustar seus cálculos para remover essas anomalias financeiras. Isso porque esses eventos não refletem o desempenho operacional normal da empresa e podem distorcer a análise.

Por exemplo, um grande lucro não recorrente pode inflar artificialmente o lucro líquido, enquanto um prejuízo não recorrente pode fazer parecer que a empresa está em pior situação do que realmente está.

Para obter uma visão mais precisa e realista do desempenho da empresa em um ano típico, é importante excluir esses itens não recorrentes. Isso permitirá que você avalie melhor a lucratividade e a estabilidade da empresa ao longo do tempo, baseando suas decisões de investimento em dados mais representativos.

Os múltiplos financeiros, como P/L (Preço/Lucro), P/VP (Preço/Valor Patrimonial) e PSR (Preço/Vendas), são ferramentas populares na avaliação de empresas. No entanto, eles têm suas limitações e podem ser calculados de diferentes maneiras, o que pode afetar significativamente seu significado e utilidade.

Aqui estão alguns fatores que podem influenciar a interpretação desses múltiplos:

  • Antes ou depois de impostos: Os valores utilizados para calcular os múltiplos podem ser antes ou depois de impostos, o que pode alterar drasticamente os resultados.
  • Definição de lucro: O “lucro” pode ser definido de várias formas, como lucro operacional, EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), lucro líquido, entre outros. Cada definição pode levar a múltiplos diferentes.
  • Metodologias contábeis: As empresas podem usar diferentes metodologias contábeis, tornando difícil a comparação precisa entre empresas com os mesmos múltiplos. Por exemplo, uma empresa pode usar contabilidade de acréscimo, enquanto outra pode usar contabilidade de caixa.

Essas variações podem levar a interpretações errôneas se não forem consideradas cuidadosamente.

Portanto, ao utilizar múltiplos financeiros, é essencial entender as bases de cálculo e as práticas contábeis das empresas analisadas. Isso ajudará a evitar comparações injustas e a tomar decisões de investimento mais informadas.

Comparar ações de uma empresa em setores distintos não faz o menor sentido. Porém, muitos investidores cometem esse erro básico.

Por exemplo, não tem como comparar uma empresa de energia elétrica com outra de construção civil ou de consumo.

Até mesmo o ciclo de negócios entre as empresas podem gerar indicadores totalmente diferentes. Por exemplo,  se uma empresa que tem como foco o crescimento em um mercado com outra que já está em uma fase madura.

Portanto, durante o processo de avaliação de empresas, quando for comparar duas empresas concorrentes, é necessário se certificar que seus negócios sejam bastante parecidos, de forma que faça sentido comparar múltiplos de mercado.

Os indicadores fundamentalistas vão ser totalmente diferentes e o investidor precisa ficar atento a isso.

Benjamin Graham sugere que 10 a 30 empresas é suficiente para diversificar adequadamente. Além de reduzir a volatilidade da sua carteira, o investidor vai diluir diversos riscos associados aos setores de cada empresa.

Somado a redução dos riscos econômicos, existe a questão psicológica. Se tudo der errado em uma empresa, sua perda será menor a medida que sua exposição também o seja.

Por outro lado, existem defensores da concentração, dizendo que quanto mais ações você possui, maior as suas chances de alcançar retornos médios de mercado. Eles recomendam investir em apenas algumas empresas e observá-los de perto.

Concentração pode parecer inteligente e óbvio para alguns investidores, porém o recomendável para a grande maioria dos investidores é Diversificar em diversas, contanto que estejam de acordo com seus critérios.

Recomendo a leitura:

Um dos maiores riscos no investimento em valor é pagar mais do que o valor intrínseco de uma ação.

O valor intrínseco é uma estimativa do verdadeiro valor de uma empresa, baseada em sua capacidade de gerar lucros futuros. Quando você paga um preço abaixo desse valor, você cria uma margem de segurança que pode proteger seu investimento contra perdas, caso a empresa enfrente dificuldades.

Pagar um preço próximo ou acima do valor intrínseco aumenta significativamente o risco de prejuízos.

Isso ocorre porque, se a empresa não atender às expectativas de crescimento ou se o mercado enfrentar uma correção, o preço da ação pode cair, resultando em perdas para o investidor. Além disso, pagar caro demais pode limitar o potencial de retorno do investimento, já que o preço da ação já reflete um otimismo excessivo.

Para evitar essa armadilha, é crucial realizar uma análise cuidadosa e conservadora do valor intrínseco da empresa.

Utilize múltiplos métodos de avaliação, como o fluxo de caixa descontado (DCF) e a análise de múltiplos, para obter uma estimativa mais precisa.

Além disso, mantenha-se disciplinado e evite ser influenciado por tendências de mercado ou emoções, focando sempre em investir com uma margem de segurança adequada.

Recomendo a leitura:

Neste artigo enumerei 7 armadilhas que o investidor deve ficar atento quando estiver realizando avaliação de empresas. Foram eles:

  1. Basear seus cálculos com números errados
  2. Confundir regime de caixa com regime de competência
  3. Não remover Lucros (ou Prejuízos) Não Recorrentes
  4. Ignorar as limitações da Análise de Múltiplos
  5. Comparar maçãs com bananas
  6. Não Diversificar
  7. Pagar Caro Demais

Ao estar ciente dessas armadilhas e tomar medidas para evitá-las, você pode melhorar significativamente a qualidade de suas avaliações e tomar decisões de investimento mais informadas e seguras.

Lembre-se de sempre revisar seus cálculos, entender as nuances contábeis, ajustar para eventos não recorrentes, reconhecer as limitações dos múltiplos, comparar empresas de forma justa, diversificar seu portfólio e manter uma margem de segurança adequada.

Bons investimentos!

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*Créditos da imagem: shutterstock

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