LCA/LCI x Tesouro Direto: Características e Diferenças

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Pensando em investir em renda fixa e está em dúvida entre Tesouro Direto e LCI/LCA? As duas opções compartilham risco baixo e tipos diferentes de rendimento, prefixados e pós-fixados.

Para escolher entre uma ou outra ou definir quanto de seus recursos serão alocados em cada, é importante conhecer melhor cada uma dessas aplicações.

Diferença entre LCI/LCA e Tesouro Direto

LCI é a Letra de Crédito Imobiliário e LCA é a Letra de Crédito do Agronegócio. Tratam-se de títulos emitidos por instituições financeiras para aplicação no mercado de imóveis e para financiar o setor agrícola, respectivamente.

Tesouro Direto é uma plataforma de negociação de títulos do Governo Federal. Através dela, o Tesouro Nacional oferece títulos de dívida, normalmente de longo prazo, para financiar as atividades do governo.

A seguir, confira as principais diferenças entre LCI/LCA e Tesouro Direto:

  • O Tesouro Direto possui aplicação mínima de R$ 30,00, enquanto uma LCI/LCA no BTG Pactual digital tem investimento mínimo de R$ 10.000,00;
  • As LCI/LCAs não têm cobrança do Imposto de Renda (IR), enquanto os títulos do Tesouro têm incidência do IR, conforme uma tabela regressiva de 22,5% a 15% (de acordo com o tempo de aplicação, de menos de seis meses a mais de dois anos);
  • A liquidez do Tesouro Direto é de D+1 (ou seja, resgate pode ser feito de um dia útil para o outro), enquanto a LCI/LCA oferece liquidez variável, resgatável apenas no vencimento do título;
  • As LCI/LCAs têm prazo de vencimento menor (média de dois anos) do que os títulos do Tesouro (que podem se estender por décadas);
  • O investimento em Tesouro Direto é bancado pelo Governo Federal;
  • O investimento em LCI/LCAs é garantido pelo FGC até o limite de R$ 250 mil por CPF e por emissor.

Valor mínimo a ser aplicado

O valor mínimo para aplicação em títulos do Tesouro Direto é de R$ 30,00. Em LCI/LCAs, esse montante costuma ser maior.

Liquidez

A liquidez do Tesouro Direto é D+1, ou seja, o pagamento ocorre no dia útil seguinte. É preciso observar, porém, que os títulos do Tesouro têm marcação a mercado e podem ter volatilidade alta antes do seu vencimento. Para obter o rendimento exato oferecido na compra, é preciso carregar o título até o fim.

Já a liquidez da LCI/LCA é menor, considerando o prazo de vencimento desse título. Esse vencimento pode ser de meses ou, até mesmo, anos.

Rentabilidade

Tanto as LCI/LCAs quanto os títulos do Tesouro oferecem rendimentos de três tipos: prefixados (juro anual definido), pós-fixado (rentabilidade atrelada ao CDI ou à Selic) e híbrido (juro anual mais a variação da inflação do país).

Não é possível generalizar sobre qual das aplicações tem rentabilidade maior. Tudo depende do título específico.

Para descobrir a melhor opção, vamos aprender em breve a calcular o rendimento líquido.

Custos

Em relação às despesas, o investimento em Tesouro Direto e LCI/LCA apresenta várias diferenças.

Uma LCI/LCA não tem taxas de administração, custódia, performance e nem incidência de Imposto de Renda.

Já o Tesouro Direto possui a cobrança de 0,3% do investimento ao ano de taxa de custódia cobrada pela BM&FBovespa e Imposto de Renda conforme a tabela regressiva da renda fixa, de 22,5% a 15% (sobre a valorização, e não sobre o total). Além disso, algumas instituições cobram outras taxas. O BTG Pactual digital não cobra taxas extras!

Vantagens do Tesouro Direto

A seguir, confira algumas das vantagens que o Tesouro Direto oferece na comparação com a LCI/LCA:

  • segurança dos títulos é garantida pelo governo. Se houvesse calote no Tesouro, todo o sistema financeiro ruiria;
  • Títulos de prazo longo (para 2035 ou 2045, por exemplo) com valorização atrelada à inflação ajudam a investir mensalmente e projetar com eficiência a sua aposentadoria;
  • Para quem não quer carregar o título até o vencimento, é possível vender antes (no momento certo) e obter valorizações interessantes.

Vantagens da LCI/LCA

A seguir, veja quais são as vantagens da LCI/LCA na disputa com o Tesouro Direto:

  • A LCI/LCA não tem Imposto de Renda ou outros custos envolvidos: o rendimento oferecido é aquele que você terá de fato ao vencimento
  • A LCI/LCA costuma ter vencimento menos longo do que os títulos do Tesouro Direto e, assim, você recebe os rendimentos antes, sem precisar negociar o título antes.

Risco

O risco desses dois investimentos pode ser considerado baixo. Tanto para LCI/LCA quanto para Tesouro Direto, o perigo seria sofrer um calote no pagamento.

Do lado das Letras de Crédito Imobiliário, você tem a garantia não apenas da instituição financeira emissora do título, mas também do Fundo Garantidor de Crédito.

Essa organização não governamental, mantida com aportes mensais das instituições financeiras brasileiras, intervém em casos de quebra de bancos e corretoras e banca o saldo de alguns investimentos, incluindo a LCI/LCA, até um limite de R$ 250 mil por CPF por instituição emissora.

Já no Tesouro Direto, a garantia é do próprio Governo Federal. Nesse caso, a segurança é tão grande quanto possível, já que, se o governo deixar de pagar suas dívidas, o sistema financeiro do país entra em colapso.

É preciso fazer um alerta, porém, para um risco oculto ao investir em um título de longo prazo: se você precisar vendê-lo antes do vencimento, pode sofrer com a volatilidade e até arcar com prejuízo dependendo do cenário econômico.

Por isso, não invista sem antes fazer um bom planejamento financeiro para garantir que você vai poder segurar o título até o vencimento ou vendê-lo apenas quando o mercado favorecer a negociação antecipada.

FGC

FGC é a sigla do Fundo Garantidor de Crédito, aquele mecanismo sobre o qual falamos no tópico anterior. Ele é bastante importante para quem está em dúvida em relação aos riscos de aplicar em LCI/LCA ou outros investimentos protegidos pelo fundo, como CDB, LCA, entre outros.

Esse mecanismo assegura que, em caso de quebra ou insolvência do banco ou corretora que emite o título de LCI/LCA, você tem a restituição do saldo total de seu investimento até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição ou conglomerado financeiro emissor.

O FGC foi criado para atuar no mercado e garantir a estabilidade do sistema financeiro diante de crises, para que problemas de solvência em uma instituição não afetem muitas outras.

Desde então, em diversos momentos nos últimos anos, esse mecanismo foi utilizado para ressarcir investidores.

Comparativo LCI/LCA e Tesouro direto

É muito difícil comparar dois títulos aleatórios de LCI/LCA e Tesouro Direto e generalizar dizendo que uma dessas duas aplicações é sempre mais vantajosa. Não é bem assim.

O que você precisa levar em conta é o rendimento líquido das aplicações que você tem em mente. Para isso, procure uma instituição financeira que não cobra taxas para investimento em Tesouro Direto.

Depois, compare os títulos de LCI/LCA e Tesouro com os melhores retornos e com vencimentos que se encaixam no seu planejamento.

Ao fazer essas projeções, lembre que não é recomendado deixar o dinheiro aplicado por menos de 30 dias, para não pagar o IOF, que é um imposto bem agressivo.

Você vai ver, ao fazer os cálculos de custos, que aplicações inferiores a seis meses costumam levar a melhor em LCI/LCAs que tem vencimento nesse prazo, já que a alíquota do Imposto de Renda no Tesouro Direto para esse tempo de investimento é de 22,5%.

De forma geral, você deve considerar aplicações superiores a dois anos.

Não apenas por causa do imposto, mas também porque, para investimentos de longo prazo, as taxas de juros são maiores.

É melhor optar pela Isenção fiscal?

Muita gente leva em conta apenas a isenção fiscal na hora de optar pela LCI/LCA, mas isso é um erro.

A melhor abordagem é aquela que registra todos os custos e taxas de retorno para projetar o rendimento líquido da aplicação e, assim, definir, na ponta do lápis, qual investimento terá o melhor resultado.

No caso do Tesouro Direto, você precisa escolher um dos títulos à disposição, verificar qual seu retorno e depois descontar todas as despesas que você terá com a aplicação.

Esses custos incluem uma taxa de custódia de 0,3% ao ano sobre o investimento e o Imposto de Renda, de 22,5% a 15%.

O Imposto de Renda é cobrado de acordo com a seguinte tabela, que vale para muitas outras aplicações em renda fixa:

PRAZO DE APLICAÇÃOALÍQUOTA IR
Até 180 dias22,5%
De 181 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Acima de 721 dias15%

Não esqueça deste detalhe: a alíquota incide apenas sobre o rendimento, e não sobre todo o valor aplicado.

Além disso, algumas corretoras e alguns bancos cobram taxas de administração pelo investimento, mas é importante verificar essa informação e escolher uma instituição que não cobre.

No caso da LCI/LCA, não há taxas. Você só terá algum custo imprevisto se precisar negociar o título antes do vencimento. Aí depende muito da instituição financeira: algumas nem permitem a venda antecipada.

Para os dois investimento, no entanto, é necessário cuidar com um tributo bastante agressivo, o Imposto sobre Operações Financeiras.

Ele aparece apenas para quem aplica no curtíssimo prazo, inferior a 30 dias.

Veja a tabela do IOF:

DIAS APÓS APLICAÇÃOIOF (EM %)DIAS APÓS APLICAÇÃOIOF (EM %)
196%1646%
293%1743%
390%1840%
486%1936%
583%2033%
680%2130%
776%2226%
873%2323%
970%2420%
1066%2516%
1163%2613%
1260%2710%
1356%286%
1453%293%
1550%300%

Viu? É melhor manter o dinheiro aplicado por 30 dias para fugir do IOF.

Agora que você sabe quais são os custos envolvidos nas duas aplicações, você só precisa projetar os dois títulos específicos que você tem em mente e calcular em qual deles você terá um resultado líquido melhor.

Na prática, é impossível dizer, sem comparar objetivamente dois títulos específico, se a LCI/LCA ou o Tesouro Direto rende mais.

Taxa Selic x CDI

Para quem está ingressando no universo de investimentos em renda fixa, é primordial entender o que significa Taxa Selic, o que é o CDI e como eles se diferenciam.

Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

Só que esse monte de palavras não explica nada para quem não atua na área, certo? Não se preocupe: o que vale é entender que a sigla se refere aos juros básicos da economia, definidos pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central para controlar o crédito e reger a inflação.

Eles refletem diretamente nos juros da renda fixa, porque, resumindo bastante, a Taxa Selic é quanto o governo Federal está disposto a pagar pelos títulos de sua própria dívida.

Como as instituições financeiras privadas detêm a grande maioria dos títulos públicos, essa taxa acaba se transformando no patamar básico de juros.

Já o CDI significa Certificado de Depósito Interbancário. Para simplificar bastante, a taxa CDI são os juros usados nos empréstimos que os bancos tomam entre si diariamente para fechar o caixa.

Eles ficam sempre próximos da Selic.

Essa taxa é usada como referência de rendimento em diversos investimentos.

Você já deve lido sobre alguma aplicação que trazia esta expressão em sua descrição: “Rende X% do CDI”.

A frase quer dizer que o investimento tem sua rentabilidade atrelada ao CDI.

Bons investimentos!

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