Análise de Riscos: Como avaliar os fatores de riscos dos setores e negócios das empresas

Análise de Risco
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Análise de Riscos
Análise de riscos é fundamental para que os investidores possam tomar decisões mais informadas e minimizar possíveis perdas

Como investidor, você estará sujeito a diversos riscos. Quando se trata de investir em ações, é crucial compreender os fatores de risco associados a diferentes setores e negócios.

As empresas podem falir, decisões de negociação podem não ser bem-sucedidas, os melhores planos de investimento podem dar errado e você pode acabar perdendo seu dinheiro – todo ou parte dele, independentemente da economia estar forte ou fraca.

O que pode colocar suas finanças em risco?

Cada empresa apresenta seus próprios riscos e é essencial que os investidores avaliem cuidadosamente esses riscos antes de tomar decisões de investimento.

Neste artigo, exploraremos os principais fatores de risco a serem considerados ao avaliar setores e negócios de empresas, a fim de ajudá-lo a tomar decisões de investimento mais conscientes e informadas.

O que você vai aprender:

  • O que é análise de riscos e formulário de referência
  • Porque o investidor precisa entender os riscos da empresa e seus negócios
  • Quais são os principais riscos das empresas e como identificá-los

A Importância da Análise de Riscos

A análise de riscos é uma ferramenta fundamental para o investidor em valor e focado em análise fundamentalista, pois permite identificar e avaliar os riscos inerentes a uma empresa e ao seu setor de atuação.

Essa análise envolve a identificação dos riscos mais relevantes, a avaliação da sua probabilidade de ocorrência e do seu impacto potencial, além da definição de estratégias para mitigá-los ou minimizá-los.

Ao realizar uma análise de riscos completa e criteriosa, o investidor pode tomar decisões mais informadas e embasadas sobre seus investimentos, evitando armadilhas que possam levar a perdas financeiras significativas.

O investidor em valor e focado em análise fundamentalista busca identificar empresas subvalorizadas pelo mercado, ou seja, empresas que apresentam um potencial de valorização a longo prazo, mas que estão sendo negociadas a preços abaixo do seu valor intrínseco.

Nesse contexto, a análise de riscos é fundamental para avaliar se uma empresa é realmente subvalorizada ou se seu preço reflete riscos relevantes que podem afetar sua capacidade de gerar resultados positivos no futuro.

Além disso, a análise de riscos pode ajudar a identificar empresas que apresentam um perfil de risco mais adequado ao perfil do investidor, o que é especialmente importante para investidores que buscam proteger seu patrimônio e minimizar os riscos de perdas financeiras.

Por fim, a análise de riscos pode ajudar o investidor a definir estratégias mais eficientes de gestão de riscos e alocação de recursos, levando em conta suas necessidades e objetivos de investimento.

Isso inclui a definição de limites de exposição a riscos, a escolha de setores e empresas com perfil de risco mais adequado ao perfil do investidor, e a diversificação da carteira de investimentos.

Ao integrar a análise de riscos em seu processo de tomada de decisão, o investidor pode maximizar seu potencial de retorno a longo prazo, ao mesmo tempo em que minimiza os riscos de perdas financeiras.

Formulário de Referência e sua Importância para o Investidor

Formulário de Referência é um documento que todas as empresas de capital aberto são obrigadas a enviar anualmente para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e que fica à disposição do público em geral. Podemos dizer que é uma ótima fonte de informações que ajuda os investidores – principalmente adeptos da análise fundamentalista – a tomarem decisões de compra ou venda de ações na bolsa de forma consciente.

No formulário é possível encontrar Informações referentes ao emissor, como atividades, histórico na bolsa, fatores de risco, gestão da empresa, estrutura de capital, dados financeiros, comentários dos administradores sobre esses dados, valores mobiliários emitidos, etc.

A simples leitura do formulário não elimina os riscos de investir nas ações de determinada empresa, mas dará uma boa ideia ao investidor sobre a qualidade da gestão da empresa e também dos riscos (internos, externos, legais e técnicos) que podem impactar o futuro da empresa e consequentemente seu investimento.

Você pode achar o formulário nos sites das empresas (na área de Relações com Investidores), no site da B3 (mercados > empresas > (escolher empresa) > relatórios financeiros) e também no site da CVM (consulta à base de dados > companhias > …).

Recomendo a leitura:

15 Principais Riscos para as Empresas de Capital Aberto

Em uma pesquisa conduzida pelo ACI Institute Brasil, braço da consultoria KPMG que promove boas práticas de governança.

A instituição analisou dados públicos contidos nos formulários de referência (FR) de 241 empresas abertas do Brasil, que arquivaram as informações junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao final de 2020.

Com as informações oficiais em mãos, a KPMG organizou uma lista com os percentuais de citação de cada um dos fatores de risco mencionados pelas companhias.

Todas as empresas analisadas estão no Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2 de governança corporativa da B3, a bolsa de valores brasileira, e fazem parte de todos os setores de mercado, desde Comunicações, passando por Materiais Básicos, Consumo Cíclico e Não Cíclico e Tecnologia.

Você pode entender melhor essa lista completa lendo o artigo 11 Setores do Mercado de Ações na Bolsa de Valores.

Na pesquisa de 2020, foram citados 11.956 fatores de risco pelas empresas de capital aberto no Brasil. Já no ano passado – com dados referentes a 2019 -, foram mencionados 9.212 riscos por parte das companhias.

Para garantir a precisão, o ACI Institute excluiu fatores destacados mais de uma vez nos formulários. Nesse sentido, a consultoria considerou uma base final de 5.695 fatores de risco.

Confira a seguir os 15 riscos mais citados entre todas as empresas de todos os setores.

1 – Riscos regulatórios

Riscos regulatórios são um tipo de risco que afeta as empresas e os negócios em diferentes setores da economia.

Eles são decorrentes de leis, normas e regulamentos atuais e futuros, os quais podem ser aplicáveis ao setor, mercado de capitais ou às empresas de modo geral.

Essas leis e regulamentos podem variar de acordo com o setor, como o controle de preços em setores regulados, as normas ambientais, de saúde e segurança no trabalho e sanitárias em setores industriais, e as políticas de mudanças climáticas e a regulamentação das emissões de carbono em setores relacionados a energia.

Esses riscos podem afetar diretamente as operações das empresas, gerando custos adicionais e dificultando a adaptação a mudanças no ambiente regulatório.

Por isso, é importante que as empresas estejam cientes desses riscos e adotem medidas para mitigá-los.

2 – Riscos relacionados à condições econômicas e de mercado

São riscos relacionados com as políticas macroeconômicas em nível nacional e global, bem como com as variações na demanda resultantes da diminuição do poder de compra dos consumidores ou da recessão nos setores fornecedores.

Além disso, há os riscos associados às operações em mercados cíclicos e à flutuação dos preços dos produtos, bem como à instabilidade política e à percepção de risco pelos investidores estrangeiros.

3 – Riscos aos acionistas

Esses riscos podem impactar diretamente diferentes tipos de acionistas, incluindo aqueles que possuem ações específicas, os investidores estrangeiros, aqueles que possuem ações de empresas regidas por leis diferentes da legislação brasileira, e os acionistas em geral.

Esses riscos incluem fatores como a volatilidade e a falta de liquidez das ações da companhia ou do mercado de capitais, a diluição da participação acionária e a não distribuição de dividendos.

4 – Riscos operacionais

Os riscos operacionais estão relacionados com falhas nos processos operacionais que podem levar a interrupções temporárias, queda na eficiência, perdas e atrasos.

Esses riscos podem ser decorrentes de vários fatores, como a gestão de estoques, fornecedores de produtos e serviços, eficiência logística, qualidade dos canais de vendas e atendimento ao cliente, bem como a segurança e manutenção das instalações.

5 – Riscos financeiros e de caixa

Os riscos financeiros e de caixa estão diretamente relacionados à situação financeira e de caixa da companhia e incluem fatores como a falta de liquidez, a estrutura ou o nível de endividamento, a eventual dificuldade de captar recursos ou a necessidade de se submeter a condições de financiamento pouco favoráveis, bem como as operações de hedge e o uso de derivativos.

6 – Riscos jurídicos

Os riscos jurídicos estão relacionados com a existência ou possibilidade de processos judiciais nas esferas cível, trabalhista e tributária, que podem afetar a companhia.

Esses riscos podem surgir devido a questões contratuais, regulatórias, fiscais ou trabalhistas, entre outras possibilidades.

Assim, a empresa deve estar atenta à sua conformidade legal e buscar meios para mitigar esses riscos.

7 – Risco de concorrência

O risco de concorrência está relacionado com a atuação da empresa em setores altamente competitivos, o que pode ser agravado pelo processo de consolidação do mercado.

Nesse sentido, a empresa deve estar preparada para competir com seus concorrentes diretos e indiretos, identificando oportunidades e ameaças, além de buscar formas de diferenciação e vantagem competitiva.

A análise do ambiente competitivo é essencial para que a empresa possa antecipar tendências e adaptar-se às mudanças no mercado.

8 – Riscos associados à execução da estratégia de negócios e/ou plano de investimentos

São riscos relacionados com a possibilidade de a companhia não conseguir executar com sucesso sua estratégia de negócios e plano de investimentos.

Esses riscos podem ser decorrentes de diversos fatores, como gastos ou investimentos inesperados, dificuldades na ampliação da capacidade produtiva, retorno de investimento abaixo do esperado, entre outros.

Assim, é fundamental que a empresa tenha uma visão clara de sua estratégia e plano de investimentos, além de adotar medidas para mitigar esses riscos e acompanhar constantemente seus resultados.

9 – Riscos associados à atuação do acionista controlador

Os riscos relacionados à influência dos acionistas controladores envolvem questões que podem afetar a governança corporativa e os interesses dos demais acionistas da companhia.

Esses riscos podem estar relacionados a acordos de acionistas, cláusulas estatutárias que dificultam a tomada de controle por outros acionistas, conflitos de interesse envolvendo partes relacionadas e conflitos entre os acionistas controladores ou entre eles e os minoritários.

A existência desses riscos pode afetar a transparência e a equidade nas decisões da empresa, exigindo que medidas de gestão e controle sejam adotadas para minimizá-los.

10 – Risco de mudança nas políticas governamentais sobre o setor

O risco de mudança nas políticas governamentais relaciona-se com possíveis alterações nas políticas e programas de incentivo do governo no setor de atuação da empresa, bem como a eventual redução de investimentos governamentais.

Tais mudanças podem impactar negativamente a competitividade e a rentabilidade da companhia, exigindo que ela esteja preparada para lidar com essas situações e buscar alternativas para mitigar os possíveis impactos.

É fundamental, portanto, que a empresa monitore constantemente as mudanças nas políticas governamentais e adote medidas preventivas para minimizar os riscos associados a essas mudanças.

11 – Riscos da Tecnologia da Informação

Os riscos relacionados à Tecnologia da Informação são significativos e devem ser considerados pelas empresas.

Eles envolvem questões como o mau funcionamento dos sistemas informatizados e seus controles internos, a obsolescência tecnológica desses sistemas, a segurança da informação e a proteção de dados pessoais, além da utilização da computação em nuvem.

É importante que as empresas estejam atentas a esses riscos e adotem medidas preventivas e corretivas para minimizá-los e proteger suas informações e dados.

12 – Risco de inadimplência

O risco de inadimplência é um fator que pode afetar diretamente a saúde financeira da empresa, seja por causa da concessão de crédito ou não.

Esse risco refere-se à possibilidade de não pagamento de dívidas por parte de clientes, fornecedores ou parceiros comerciais, o que pode levar a perdas financeiras significativas para a companhia.

A gestão adequada desse risco envolve a adoção de práticas de análise de crédito, a implementação de políticas de cobrança eficazes e a monitorização regular do comportamento financeiro dos clientes e demais stakeholders.

13 – Riscos socioambientais

Os riscos socioambientais são associados ao impacto da empresa sobre o meio ambiente e as comunidades locais, podendo haver resistência organizada às operações da companhia e conflitos relacionados à gestão de recursos naturais dos quais a companhia depende.

Além disso, podem ocorrer práticas irregulares na cadeia de fornecedores, incluindo infrações aos direitos humanos e ocupação de áreas de preservação ambiental, assim como o financiamento de projetos de alto risco segundo critérios socioambientais.

14 – Risco de insuficiência do valor e/ou cobertura dos seguros contratados

Este risco está relacionado à possibilidade de que os seguros contratados pela empresa não cubram integralmente os prejuízos causados por eventos adversos, como incêndios, desastres naturais ou responsabilidade civil.

Além disso, há o risco associado a mudanças na carga tributária, o que pode aumentar os custos operacionais da empresa, bem como a possibilidade de passivos tributários e interpretações divergentes sobre as normas fiscais, que podem resultar em multas e penalidades.

15 – Riscos tributários

O risco tributário é um desafio para as empresas, especialmente em um ambiente de constante mudança das leis e regulamentações fiscais.

Mudanças na carga tributária podem afetar a lucratividade das empresas, enquanto passivos tributários podem se acumular e se tornar um fardo financeiro.

Além disso, a complexidade fiscal e interpretações divergentes das normas tributárias podem levar a disputas com autoridades fiscais, multas e penalidades, prejudicando as finanças e a reputação da empresa.

Portanto, é importante que as empresas monitorem de perto sua conformidade fiscal e contem com especialistas em tributação para minimizar esses riscos.

Confira também:

Conclusões

A análise de riscos pode ajudar o investidor a definir estratégias mais eficientes de gestão de riscos e alocação de recursos, levando em conta suas necessidades e objetivos de investimento.

Isso inclui a definição de limites de exposição a riscos, a escolha de setores e empresas com perfil de risco mais adequado ao perfil do investidor e a diversificação da carteira de investimentos.

A análise de riscos é fundamental para avaliar se uma empresa é realmente subvalorizada ou se seu preço reflete riscos relevantes que podem afetar sua capacidade de gerar resultados positivos no futuro.

Nesse artigo também vimos a importância do Formulário de Referência, um demonstrativo contábil submetido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que reúne diversas informações sobre a empresa, como atividades, fatores de risco, administradores, estrutura de capital, dados financeiros, valores mobiliários emitidos, entre outros.

Por fim, vimos o resumo de uma pesquisa conduzida pelo ACI Institute Brasil que identificou os 15 principais riscos para as empresas de capital aberto. Foram eles:

  1. Riscos regulatórios
  2. Riscos relacionados à condições econômicas e de mercado
  3. Riscos aos acionistas
  4. Riscos operacionais
  5. Riscos financeiros e de caixa
  6. Riscos jurídicos
  7. Risco de concorrência
  8. Riscos associados à execução da estratégia de negócios e/ou plano de investimentos
  9. Riscos associados à atuação do acionista controlador
  10. Risco de mudança nas políticas governamentais sobre o setor
  11. Riscos da Tecnologia da Informação
  12. Risco de inadimplência
  13. Riscos socioambientais
  14. Risco de insuficiência do valor e/ou cobertura dos seguros contratados
  15. Riscos tributários

Espero que a partir de hoje você possa olhar a empresa e suas ações de forma diferente, para que possa entender melhor os riscos as quais ela está inserida.

Bons investimentos!

Leitura recomendada

Fontes de consulta

  • https://oespecialista.com.br/fatores-risco-empresas-capital-aberto
  • /https://home.kpmg/br/pt/home/insights/2021/05/gerenciamento-riscos-empresas-brasileiras.html
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