Tripé macroeconômico são ferramentas que os governos utilizam para gerenciar o futuro da economia de um país.
Vários fatores influentes no dia a dia de muitos brasileiros possuem suas origens no tripé da macroeconomia. Por exemplo, quando se ouve a expressão de que “o dólar caiu” isto só ocorre devido a existência do tripé. Além disso, mudanças na taxa de juros para conter a inflação, e o conceito de superávit e rombo fiscal, ambos muito noticiados nos meios de comunicação, também derivam diretamente do tripé da macro economia.
Quando bem executada, essa política traz desenvolvimento e prosperidade aos países. Sendo assim, entender o tripé macroeconômico torna as pessoas muito mais esclarecidas a respeitos dos movimentos da economia do país, além de ser uma alternativa viável para o desenvolvimento.
Neste artigo, você vai aprender:
- O que é meta fiscal
- Como o governo controla a inflação
- Porque entender de macroeconomia é importante para o investidor
Índice de Conteúdo
Tripé macroeconômico brasileiro
Macroeconomia é uma das divisões da ciência econômica dedicada ao estudo, medida e observação de uma economia regional ou nacional como um todo individual. A macroeconomia é um dos dois pilares dos estudos da economia, sendo o outro a microeconomia.
Todas as pessoas e empresas estão sujeitas a influência das políticas macroeconômicas globais e nacionais.
No Brasil, a estabilidade econômica foi atingida com o plano real em 1994, e o principal motivo de seu sucesso foi eliminar a inflação e, com isso, dar capacidade de planejamento para todas as pessoas e empresas.
Essa estabilidade advém da credibilidade das políticas econômicas e é amparada por metas claras a serem seguidas pelas autoridades responsáveis pela economia do país. A política econômica brasileira está baseada no tripé que vigora desde 1999: metas de inflação, câmbio flutuante e metas fiscais.
Recomendo a leitura:
1 – Metas de Inflação
Metas de inflação são a referência para a política monetária, ferramenta utilizada para controlar a liquidez na economia, ou seja, a quantidade de dinheiro disponível no mercado.
A meta de inflação é determinada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), e é uma atribuição do Banco Central, que se utiliza da política monetária para atingir seu objetivo. Nesse sistema, cabe ao Banco Central do Brasil perseguir uma meta de inflação — medida pelo IPCA — pré-estabelecida. O intervalo de tolerância em relação ao centro normalmente é de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo e, em caso de descumprimento, o presidente da instituição deve esclarecer em carta aberta ao Ministro da Fazenda.
Quando a economia está consumindo mais do que produzindo, ou seja, há um forte consumo sem a devida oferta de produtos na mesma proporção, os preços começam a aumentar, gerando inflação. Quando essa inflação caminha para fora da meta, o Banco Central utiliza a ferramenta disponível de política monetária, que é a taxa básica de juros (Selic), definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias.
Essa taxa é elevada e o seu efeito na economia é retirar dinheiro em quantidades que diminuam o consumo e minimizem a pressão sobre os preços, reduzindo assim, a inflação. Portanto, o sistema foi elaborado para melhorar para as expectativas dos agentes econômicos sobre a inflação futura e, assim, reduzir incerteza na economia.
Exemplo:
O crescimento da economia brasileira após o Plano Real é bastante consistente, pois está aumentando a renda da população e, consequentemente, o consumo. O aumento do consumo sem um aumento na produção e oferta de produtos em mesma proporção pressiona os preços, gerando inflação. O BC utiliza a política monetária para aumentar a taxa de juros, o que incentiva a população a aumentar a quantidade de dinheiro em aplicações financeiras, ou reduzir as compras a prazo, pelo aumento das taxas no crediário. Assim, o BC reduz a liquidez na economia e diminui a pressão da demanda sobre os preços dos produtos. Com essa estratégia, controla-se a inflação.
2 – Câmbio Flutuante
Câmbio flutuante é deixar a cotação do dólar frente ao real ser determinada pelas forças do mercado, ou seja, pela lei da oferta e da demanda. Apesar disso, o Banco Central pode entrar no mercado eventualmente, comprando ou vendendo moeda. Dessa forma, ele minimiza a volatilidade excessiva em determinados momentos.
Exemplo:
Quando há crises ou incertezas momentâneas no mercado, os fluxos de capitais de outros países “saem do normal”. Isto gera um aumento ou diminuição na entrada e saída de dólares do país, fluxo este aumentado pela volatilidade da taxa de câmbio. Nesse momento, o Banco Central compra ou vende esse excesso de fluxo para minimizar esse movimento.
3 – Metas Fiscais
As metas fiscais tem como objetivo gerar o superávit primário, que é a política de atingimento de saldo positivo entre arrecadação e despesa, excluindo o custo da dívida. Ele serve como uma sinalização para os investidores que o governo se preocupa em pagar sua dívida, e adota austeridade em suas contas, gerando um superávit que sinaliza, entre outras coisas: que ele não aumenta o déficit entre arrecadação e despesa, e gera resultados positivos que diminuem esse déficit.
Exemplo:
Quando você gasta mais do que seu salário mensal, você precisa cobrir essa diferença com um empréstimo no cheque especial. No mês seguinte, se quiser diminuir sua dívida, você deverá, no mínimo, gastar menos do que seu salário, sem considerar os juros do cheque especial. Essa diferença é o seu superávit primário.
O governo, para reduzir o risco de pagamento da dívida, precisa ter austeridade atingindo superávits primários.
A Importância do Tripé Macroeconômico para o Investidor
Entender os objetivos da política econômica brasileira nos dá a capacidade de projetar os resultados das empresas, pois sabemos as metas perseguidas pelas autoridades econômicas. Além disso, é essencial para uma melhor compreensão da economia do Brasil e outros países.
Se os dados de inflação, divulgados periodicamente pela mídia, estiverem fora dos objetivos, acima da meta, saberemos que o Banco Central aumentará a taxa básica de juros para controlar a pressão sobre os preços e, com isso, trazer a inflação para a meta.
Da mesma forma, sabemos que a política de câmbio flutuante deixará o preço do dólar a ser definido pelo mercado e o BC intervirá somente para minimizar a volatilidade excessiva. Por fim, a meta fiscal, com o superávit primário, manterá os gastos do governo sob controle.
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Conclusões
Em linhas gerais, o Tripé macroeconômico é uma combinação de políticas monetária, cambial e fiscal apoiada em três pilares:
- Metas de inflação: Nesse sistema, cabe ao Banco Central do Brasil perseguir uma meta de inflação — medida pelo IPCA — pré-estabelecida. Essa meta se situa em uma margem, contendo um centro, um piso e um teto, determinada anualmente pelo Conselho Monetário Nacional.
- Câmbio flutuante: Segundo este regime, o preço da moeda nacional em relação à americana no mercado de câmbio varia conforme a dinâmica da oferta e procura no mercado. A autoridade monetária eventualmente pode realizar algumas intervenções para atenuar a volatilidade cambial, isto é, alterações abruptas, mas sem fixá-lo em algum patamar. Dá-se a isso o nome de flutuação suja.
- Metas fiscais: Com elas, o governo se compromete a respeitar determinado patamar de gastos e receitas. Serve como uma sinalização para os investidores que o governo se preocupa em pagar sua dívida, e adota austeridade em suas contas.
Entender como funciona a dinâmica dessas políticas e metas pode ajudar o investidor a projetar os resultados dos setores e empresas na bolsa de valores. Também pode ajudar o investidor na formação de sua carteira e balanceamento do risco x retorno.
Bons investimentos!
Leitura recomendada
- Análise Fundamentalista, 2ª Ed, 2019 – por José Kobori
Fontes de consulta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trip%C3%A9_macroecon%C3%B4mico
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