Índices de Atividade: Como avaliar a eficiência operacional das empresas

Índices de Atividade
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Índices de Atividade
Os investidores podem avaliar a eficiência operacional de empresas através dos índices de atividade.

Os índices de atividade medem a velocidade com que as contas da empresa são transformadas em vendas ou caixa.

Os índices de atividade também são chamados de Índice de Eficiência ou Produtividade, retratam como está ocorrendo transformação dos ativos da empresa em receita. Eles também servem para calcular o ciclo de caixa e ciclo operacional bem como a necessidade de capital de giro.

Neste artigo você vai aprender:

  • O que são Giro dos Ativos e pra que servem
  • Como calcular o Prazo Médio de Estoques, Recebimento e Pagamento
  • Como analisar os índices de atividade

O índices atividade, como o próprio nome sugere, visa medir a eficiência da empresa na gestão de ativos, e está relacionado a vários fatores, como por exemplo, o setor de atividade, a sazonalidade, o ciclo operacional, o volume de capital alocado, entre outros.

Por exemplo, se uma empresa possuir investimentos excessivos em ativos, então seu capital operacional será desnecessariamente alto, o que reduziria seu fluxo de caixa livre. Por outro lado, uma empresa que não possui ativos suficientes poderá ter suas vendas reduzidas, prejudicando a rentabilidade, o fluxo de caixa livre e o preço de suas ações.

Os índices de atividade também tem o objetivo de demonstrar como está sendo o Ciclo Operacional da empresa, que o quanto menor, melhor para a empresa, demonstra também o Ciclo de Caixa que também é bom para a empresa quando seus valores ficam baixos ou até mesmo negativos.

Antes de calcularmos os ciclos da empresa, que nos permitem estimar a necessidade de capital de giro, inicialmente precisamos definir quatro índices de atividade:

  • Giro do Ativo Total (GA)
  • Giro de Contas a Receber (GCR)
  • Giro de Contas a Pagar (GCP)
  • Giro do Estoque (GE)

De posse dos giros, podemos facilmente calcular os prazos médios, que nos permitem ter uma noção do prazo em dias em que os estoques duram na empresa, o prazo do recebimento do pagamento de suas vendas e o prazo de pagamento dos fornecedores, ou seja:

  • Prazo Médio de Estocagem (PME)
  • Prazo Médio de Recebimento (PMR)
  • Prazo Médio de Pagamento (PMP)

Veja também:

Os índices de atividade são ferramentas contábeis que servem para mensurar a performance das diversas etapas do ciclo operacional de uma empresa. Confira a seguir.

Giro do Ativo Total (GA)

Mede o volume de vendas em relação ao investimento total, evidenciando o nível de eficiência com que são utilizados os recursos aplicados, ou seja, a produtividade dos investimentos totais (ativo total).  Quanto maior for o giro do ativo pelas vendas maior deverá ser a taxa de lucro e, portanto, é preferível que seja alto e crescente ao longo dos anos.

GA = Receita Líquida / Ativos

Por isso é aconselhável manter o ativo num mínimo necessário e procurar aumentar o seu giro. Ativos ociosos, grandes investimentos em estoques, elevados valores de duplicatas a receber prejudicam o giro do ativo e, consequentemente, a rentabilidade. Indica quanto à empresa recebeu para cada real de investimento total.

A obtenção de uma lucratividade satisfatória depende do volume de vendas efetuadas, que servirão para cobrir os custos e despesas, e ainda proporcionar uma boa margem de lucro. Portanto, quanto maior for o giro do ativo melhor para a empresa. O seu crescimento ao longo dos anos é um excelente sinal de melhoria da performance da empresa.

Quanto mais o Ativo gerar em vendas reais mais eficiente a gerência está sendo na administração dos investimentos (Ativo). A ideia é produzir mais, vender mais, numa proporção maior que os investimentos no Ativo.

Assim, torna-se importante entender como funciona o Ciclo dos Ativos.

Primeiramente o ativo é estoque, depois ocorre a venda, o estoque vira contas a receber e por fim as contas a receber viram dinheiro em caixa quando são pagas pelos clientes. Se a empresa acumula estoque, não está vendendo, se acumula contas a receber, não está recebendo.

Cabe lembrar que um giro do ativo alto não implica necessariamente em um retorno alto, assim como uma margem líquida alta, isoladamente, também não. Deve-se buscar a combinação dos dois efeitos, juntamente com a alavancagem financeira, de maneira que o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) seja alto, ou alto o suficiente. 

Uma empresa que está aumentando o seu giro está usando os seus ativos com mais eficiência, ou seja, está usando os mesmos ativos que tinha para produzir mais vendas do que antes, ou equivalentemente, está usando menos ativos para produzir o mesmo nível de vendas.

Essas são boas notícias para o acionista na medida em que menos capital da empresa precisa estar “preso” em ativos para produzir o mesmo patamar de vendas. Entretanto, empresas que apresentam altos valores de giro do ativo costumam ter margens de lucro menores e vice versa.

Portanto, seu resultado deve ser comparado entre empresas do mesmo setor. Um histórico decrescente desse indicador pode ser um sinal de que a demanda pelos produtos/serviços da empresa vem diminuindo.

Giro de Contas a Receber (GCR)

O Giro de Contas a Receber (GCR), utilizado para o cálculo do Prazo Médio de Recebimento (PMR), é um índice que expressa quão rapidamente podemos cobrar as vendas efetuadas, indicando também o número de vezes que as contas a receber giraram durante o ano.

Basicamente indica o prazo que a empresa vai receber os valores das mercadorias vendidas.

GCR = Receita Líquida / Contas a Receber

Giro de Contas a Pagar (GCP)

O Giro de Contas a Pagar (GCP), utilizado para o cálculo do Prazo Médio de Pagamento (PMP), é usado por analistas para ajudar a compreender o ciclo de conversão de caixa de uma empresa. Trata-se do número de dias entre a data que a empresa comprou o estoque até o dia que ela recebe os valores referentes às vendas dos bens e serviços.

Mais precisamente, o giro de contas a pagar ajuda a determinar o número médio de dias necessários que uma empresa leva para pagar suas obrigações (passivos).

O cálculo para computar o período para as contas a pagar é o saldo médio de contas a pagar dividido pelo custo dos produtos vendidos dos fornecedores por dia.

GCP = Compras Médias / Conta de Fornecedores

Giro de Estoques (GE)

O Giro de Estoque (GE), utilizado para o cálculo do Prazo Médio de Estocagem (PME), é uma análise que ajuda o varejista a entender e acompanhar, de forma sistemática, o ritmo em que seu inventário é reabastecido.

Basicamente, a conta consiste em dividir o Custo da Mercadoria Vendida (em volume financeiro ou número de itens) pelo volume médio armazenado em um determinado período (ou o item Estoques, do ativo circulante).

O cálculo da rotatividade do estoque deve ser feito em ciclos que variam de acordo com as particularidades de cada empresa, sendo mais comum o anual.

GE = Custo da Mercadoria Vendida / Estoques

Recomendo a leitura dos artigos:

O Ciclo Operacional e o Ciclo de Caixa são obtidos através dos Indicadores de Atividade da empresa, ou seja, prazo médio de estocagem (PME), prazo médio de recebimento (PMR) e prazo médio de pagamento (PMP).

Prazo Médio de Recebimento (PMR)

Também chamado de Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV), o Prazo Médio de Recebimento – PMR mostra o prazo médio em dias para o recebimento das contas a receber devido as vendas.

PMR = 365 / GCR

Portanto, para a empresa, quanto menor, melhor. Mas, existe sempre um custo de oportunidade para qualquer montante, quanto antes receber, melhor. No PMR a empresa poderá avaliar se esse prazo de recebimento está de acordo com a média mais viável para o fluxo de caixa desejado do fluxo financeiro atual.

  • De modo geral, quanto menor for o prazo, melhor.

Prazo Médio de Pagamento (PMP)

Também chamado de Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC), o Prazo Médio de Pagamento – PMP mostra o prazo em dias para o pagamento aos fornecedores.

PMP = 365 / GCP

O índice do prazo médio de pagamento tem como objetivo medir e identificar a tempo médio das duplicatas a pagar, ou em quantos dias a empresa paga suas duplicatas. Está diretamente relacionado com a negociação que é feita entre a empresa e seu fornecedor, e com as condições de crédito obtidas pela empresa.

  • De modo geral, quanto maior for o prazo, melhor, pois a empresa tem maior fôlego para vender e sanar suas compras.

Prazo Médio de Estoques (PME)

Também chamado de Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE), o Prazo Médio de Estoques – PME é um índice de atividade muito importante dentro da análise financeira, pois os custos com produtos em estoque são altos e depreciam ou encarecem o preço final dos produtos, com essa análise podem-se tomar decisões importantes em relação ao estoque e à operação logística.

PME = 365 / GE

Então, o objetivo desse índice é calcular o prazo médio que os produtos ficam parados no estoque ao longo do ano, considerando o período desde a entrada da matéria-prima até a saída do produto acabado.

  • De modo geral, quanto menor for o prazo, melhor

Ciclo Operacional (CO)

O ciclo operacional é a soma do PME + PMR, portanto é a soma do período em que a empresa comprou o produto e o mesmo ficou armazenado em estoque acrescentando o período que a empresa demorou para receber o valor pelo produto vendido.

CO = PME + PMR

Portanto, o Ciclo Operacional é a soma de todos os acontecimentos referentes a uma operação empresarial (inicia com a compra de matéria-prima, passa pela produção, avançando pela venda do produto e vai até o recebimento relacionado às vendas realizadas).

Ciclo de Caixa (CC)

O ciclo de caixa é um índice de atividade muito importante. Esse índice mostra o tempo que se passa entre o pagamento feito aos fornecedores e o recebimento dos valores referente às vendas dos produtos adquiridos. Ele é obtido pela diferença do CO e o PMP:

CC = CO – PMP

Esse período também é chamado de ciclo financeiro ou Ciclo de Conversão de Caixa (CCC).  Ele é muito importante na avaliação de empresas pois indica como está a necessidade do capital de giro, se há necessidade ou não de obter empréstimos para cobrir essa necessidade.

1º Caso

  • PME = 77
  • PMR = 36
  • PMP = 44
  • CO = 113
  • CC = 69

Neste caso a empresa está com um Ciclo Operacional muito alto, 113 dias, a solução seria reduzir o PME que está em média sendo de 77 dias. Não sendo possível fazer isso a outra solução seria aumentar o seu PMP que foi em média de 44 dias, sendo assim a empresa reduziria o seu Ciclo de Caixa que está muito alto, 69 dias.

Ficaria melhor assim:

  • PME = 30
  • PMR = 36
  • PMP = 50
  • CO = 66
  • CC = 16

Neste caso a empresa só está precisando financiar os clientes em 16 dias, o restante está sendo financiado pelos seus fornecedores.

2º Caso

Supondo que uma empresa obteve um PME de 30 dias e um PMR de 35 dias, chegamos a um Ciclo Operacional de 65 dias.

Se esta empresa obteve PMP de 25 dias isso significa que o seu Ciclo de Caixa foi de 40 dias, ou seja, a empresa vai receber suas vendas com 65 dias, mas vai pagar seus fornecedores com apenas 25 dias, neste caso a empresa precisará de recursos para financiar os seus clientes durante 40 dias.

Quanto menor for o Ciclo de Caixa melhor será para a empresa, no caso exposto anteriormente a empresa precisa melhorar o seu desempenho, reduzindo seu PME e seu PMR para assim diminuir seu Ciclo Operacional, ou conseguir com os fornecedores um maior prazo na compra de produtos (PMP).

3° Caso

Supondo que a empresa obteve PME de 10 dias e PMR de 30 dias, chegamos a um Ciclo Operacional de 40 dias, supondo que o PMP da empresa foi de 45 dias chegamos a um Ciclo de Caixa de (–)5 dias, isso significa que os cliente estão sendo totalmente financiados pelos fornecedores, a empresa está comprando, estocando, vendendo e recebendo o valor de suas vendas para só depois pagar seus fornecedores.

Este caso apresenta a melhor situação para a empresa, mas caso não seja possível ter um Ciclo de Caixa negativo, a empresa precisa reduzi-lo o máximo possível.

É importante observar que estamos avaliando desde a entrada de matéria-prima até a saída do produto acabado, então em algumas empresas esse prazo pode ficar, em média, alto, pois a empresa depende de insumos importados para seu processo produtivo, o que onera sobremaneira a avaliação.

Para poder avaliar de forma competitiva e profissional o índice, o analista deve estudar as outras empresas do mesmo setor e fazer um comparativo entre os índices e principalmente o estoque que, na maioria dos casos, tem o mesmo efeito em empresas diferentes, mas, do mesmo setor.

Utilizando outro índice para complementar o estudo do prazo médio em estoque, os analistas devem avaliar o giro do estoque.

Confira outros índices para avaliação de empresas:

Os índices de atividade medem a capacidade da empresa de transformar seus ativos em receita e também sua necessidade de capital de giro. Esses índices medem a eficiência do dia a dia da empresa em gerar receita.

Vimos que os Índices de Atividade da empresa são:

  • Prazo Médio de Recebimentos (PMR): indica, em média, quantos dias a empresa espera para receber suas vendas
  • Prazo Médio de Pagamento (PMP): indica, em média, quantos dias a empresa demora para pagar suas compras
  • Prazo Médio de Estoques (PME): indica, em média, quantos dias a empresa leva pra vender seu estoque

Através desses índices, podemos encontrar o Ciclo Operacional e o Ciclo de Caixa da empresa.

  • Ciclo Operacional: indica o número total de dias do ciclo operacional da empresa
  • Ciclo de Caixa: indica como está a necessidade do capital de giro da empresa

O estudo dos índices de atividade permite o investidor entender como está a saúde operacional da empresa, sua necessidade de capital de giro e quais os gargalos em seus prazos médios de estoque, pagamento e recebimento.

Bons investimentos!

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