Investimento em Valor x ETFs e Algoritmos: Qual melhor estratégia para investir?

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Investimento em Valor x ETFs e Algoritmos: Qual melhor estratégia para investir?
Entenda as diferenças entre as estratégias de Investimento em valor x ETFs e Algoritmos.

Dentre diversas estratégias de investimentos, duas abordagens são bastante populares o investimento em valor (value investing) e os ETFs (Exchange-Traded Funds).

Enquanto o investimento em valor se baseia na análise detalhada de empresas para encontrar ações subvalorizadas, os ETFs oferecem uma maneira simples e diversificada de investir em mercados amplos ou setores específicos.

Este artigo explora as nuances dessas estratégias, comparando seus benefícios, desvantagens e como elas podem se complementar no portfólio de um investidor moderno.

O que você vai aprender:

  • O que é investimento em valor e ETFs
  • Quais vantagens e desvantagens de cada estratégia de investimento
  • Como a evolução dos algoritmos afetou a dinâmica dos mercados financeiros

A estratégia de investimento em valor é baseada na busca por ações que estão sendo negociadas abaixo do seu valor intrínseco.

Os investidores que seguem essa abordagem acreditam que o mercado muitas vezes precifica erroneamente as empresas, criando oportunidades para comprar ações a preços descontados.

Alguns princípios chave da estratégia de investimento em valor incluem:

  1. Análise Fundamentalista: Os investidores em valor examinam os fundamentos das empresas, como balanços patrimoniais, demonstrações de resultados e fluxos de caixa, para avaliar o verdadeiro valor da empresa.
  2. Margem de Segurança: A margem de segurança é essencial para os investidores em valor. Eles compram ações com um desconto significativo em relação ao seu valor intrínseco, para proteger-se contra possíveis erros de avaliação.
  3. Investimento a Longo Prazo: A estratégia de investimento em valor é geralmente voltada para o longo prazo, seguindo o conhecido Buy & Hold. Os investidores buscam empresas sólidas e estão dispostos a esperar até que o mercado reconheça seu verdadeiro valor.

Dicas para investidores em valor:

  • Monitoramento: O investidor deve monitorar suas ações e ajustar seu portfólio conforme necessário. À medida que o mercado muda, algumas ações podem se tornar mais ou menos atrativas.
  • Evitar Reações Impulsivas: Evite a tentação de vender ações rapidamente com base em flutuações de curto prazo. A paciência é uma virtude essencial para o investidor em valor.

Os ETFs (Exchange-Traded Funds) são fundos de investimento que acompanham índices de mercado, setores ou commodities. Eles oferecem diversificação instantânea, pois investem em várias ações ou ativos subjacentes.

Alguns pontos importantes sobre a estratégia de investimento em ETFs incluem:

  1. Diversificação: Os ETFs permitem que os investidores diversifiquem seus portfólios sem a necessidade de comprar ações individuais. Eles podem investir em um setor específico, como tecnologia, ou em um índice amplo, como o S&P 500.
  2. Baixas Taxas de Administração: Os ETFs geralmente têm taxas de administração mais baixas em comparação com fundos mútuos. Isso os torna uma opção atraente para investidores que desejam minimizar os custos.
  3. Liquidez e Negociação: Os ETFs são negociados em bolsas de valores, o que significa que os investidores podem comprar e vender ações a qualquer momento durante o horário de negociação.

Dicas para otimizar seu portfólio com ETFs:

  • Seleção de ETFs: Selecione ETFs que acompanham setores específicos ou índices amplos, como o S&P 500.
  • Diversificação: Distribua seus investimentos em diferentes ETFs para obter uma alocação equilibrada.
  • Rebalanceamento Automático: À medida que o mercado muda, os ETFs geralmente são rebalanceados automaticamente para refletir mudanças no índice subjacente. Isso simplifica a manutenção do portfólio.

Recomendo a leitura:

Bem, agora que vimos como funciona e as principais características das duas estratégias, vamos aprofundar em alguns conceitos e suas particularidades.

Risco e Retorno

  • Investimento em Valor: A estratégia de investimento em valor pode oferecer maior potencial de retorno, mas também envolve mais riscos, especialmente se o mercado não reconhecer o valor intrínseco das ações.
  • ETFs: O investimento em ETFs são mais estáveis e oferecem menor risco, mas também podem ter retornos mais modestos.

Complexidade

  • Investimento em Valor: A estratégia de investimento em valor requer mais pesquisa e análise.
  • ETFs: Os ETFs são mais simples de entender e implementar.

Custos

  • Investimento em Valor: Pode envolver custos de transação mais altos devido à compra e venda de ações individuais.
  • ETFs: Geralmente têm custos de transação mais baixos, especialmente se comprados através de corretoras que oferecem negociações sem comissão.

Horizonte de Investimento

  • Investimento em Valor: Geralmente, os investidores em valor têm um horizonte de longo prazo. Eles estão dispostos a esperar anos para que o mercado reconheça o valor intrínseco das ações que compraram.
  • ETFs: Podem ser usados tanto para investimentos de curto quanto de longo prazo. A flexibilidade dos ETFs permite que os investidores ajustem suas posições conforme necessário.

Diversificação

  • Investimento em Valor: A diversificação pode ser limitada, pois os investidores em valor geralmente se concentram em um número menor de ações que consideram subvalorizadas.
  • ETFs: Oferecem diversificação instantânea, pois investem em uma cesta de ações ou ativos. Isso pode reduzir o risco específico de uma empresa.

Gestão Ativa vs. Passiva

  • Investimento em Valor: É uma estratégia de gestão ativa, onde o investidor ou gestor de fundos toma decisões baseadas em análises detalhadas.
  • ETFs: Muitos ETFs seguem uma abordagem de gestão passiva, replicando a composição de um índice de mercado. No entanto, existem ETFs de gestão ativa que tentam superar o desempenho do mercado.

Acessibilidade

  • Investimento em Valor: Pode exigir um conhecimento profundo de análise financeira e acesso a ferramentas de pesquisa avançadas.
  • ETFs: São mais acessíveis para investidores iniciantes, pois não exigem um conhecimento profundo de análise de ações.

Impacto de Mercado

  • Investimento em Valor: Pode ser menos influenciado por movimentos de mercado de curto prazo, focando no valor intrínseco das empresas.
  • ETFs: Podem ser mais suscetíveis a flutuações de mercado, especialmente aqueles que seguem índices amplos.

Exposição a Setores Específicos

  • Investimento em Valor: Os investidores podem escolher ações em setores específicos que acreditam estar subvalorizados.
  • ETFs: Oferecem uma maneira fácil de obter exposição a setores específicos sem a necessidade de selecionar ações individuais.

Dependência de Índices

  • Investimento em Valor: É independente de índices, o foco está inteiramente no ativo subjascente
  • ETFs: Os ETFs passivos dependem da composição dos índices que seguem. Se o índice subjacente não for bem construído ou não refletir adequadamente o mercado ou setor que pretende representar, o desempenho do ETF pode ser prejudicado.

Giro da Carteira

  • Investimento em Valor: O investidor em valor geralmente possui horizontes de longos e longuíssimos prazos. Na verdade, eles não costumam girar a carteira, mantendo as ações das empresas por décadas.
  • ETFs: Uma coisa precisa ficar clara: ETFs não investem com base no Buy & Hold, ou seja, eles giram a carteira. E isso fica claro a cada revisão do índice o qual esses fundos passivos seguem.

Falta de Personalização

  • Investimento em Valor: O investidor em valor monta inteiramente sua carteira. Portanto, é totalmente personalizável.
  • ETFs: Os ETFs oferecem diversificação, mas não permitem a personalização do portfólio. Os investidores não têm controle sobre as ações ou ativos específicos incluídos no ETF, o que pode ser uma desvantagem para aqueles que desejam investir em empresas ou setores específicos.

Empresas com Fundamentos Ruins

  • Investimento em Valor: O investidor em valor busca investir em empresas com excelentes fundamentos, comprar quando estão muito baratas e mantê-las em carteira para sempre (vendendo apenas em ocasiões de perda de valor).
  • ETFs: Os ETFs investem uma cesta de ações que fazem parte de um índice. Na maioria das vezes essas ações possuem critérios duvidosos, péssimos fundamentos e podem aumentar o risco para a carteira.

A globalização facilitou o acesso aos mercados financeiros, permitindo que investidores diversifiquem seus portfólios internacionalmente e explorem novas economias. No entanto, essa interconexão global também aumentou a volatilidade e a sensibilidade dos mercados a eventos mundiais.

Novas ferramentas financeiras, como ETFs e derivativos, simplificaram a negociação e ampliaram as opções disponíveis para os investidores. Esses instrumentos oferecem mais maneiras de diversificar carteiras, mas também introduzem novos desafios e considerações.

Os efeitos combinados desses fatores tornaram os mercados globais mais interconectados, dinâmicos e complexos, criando tanto oportunidades quanto desafios para os investidores modernos.

David Einhorn, o cérebro por trás do Greenlight Capital e uma autoridade no Value Investing, recentemente proferiu uma afirmação contundente: o investidor passivo e os algoritmos estão minando os fundamentos do investimento em valor.

Vamos explorar essa afirmação e entender o papel desse tipo de investimento no cenário atual.

Einhorn argumenta que o investidor passivo, que se concentra em ETFs e outros fundos indexados, não avalia o valor das empresas, mas apenas seu preço de mercado.

Nessa visão, quanto maior a capitalização de mercado de uma empresa, mais peso ela tem em um índice, independentemente de seu verdadeiro valor intrínseco.

Isso cria uma dinâmica onde as ações sobrevalorizadas são adquiridas desproporcionalmente, enquanto as subvalorizadas são ignoradas.

Essa tendência pode distorcer o mercado, levando a uma valorização artificial de certas empresas, simplesmente porque elas são componentes significativos de um determinado índice.

Como resultado, a alocação de capital não está mais alinhada com os fundamentos das empresas, mas sim com a sua representação em índices e ETFs.

Além disso, Einhorn aponta para os algoritmos como catalisadores desse fenômeno.

Esses programas de computador são capazes de executar transações em velocidades impressionantes, amplificando a pressão sobre certos ativos (os chamados HFT ou high frequency trading)

Eles contribuem para a liquidez e para a volatilidade do mercado, muitas vezes exacerbando os movimentos de preço desconectados dos fundamentos das empresas.

Os algoritmos são projetados para identificar padrões e aproveitar discrepâncias de preço em frações de segundo.

Embora isso possa ser benéfico para os investidores em termos de liquidez e eficiência do mercado, também pode levar a comportamentos irracionais e volatilidade excessiva, prejudicando investidores que adotam uma abordagem fundamentada no longo prazo, como o investimento em valor.

No entanto, culpar apenas o investidor passivo e os algoritmos é simplificar demais a situação.

Eles são sintomas de uma condição subjacente: as condições financeiras frouxas que dominaram os mercados por longos períodos.

Essas condições, que incluem taxas de juros baixas, spreads de crédito estreitos e volatilidade reduzida, incentivam a busca por retornos de curto prazo em detrimento da análise de valor.

Perceba:

  • Quando as taxas de juros estão historicamente baixas, os investidores são empurrados para ativos mais arriscados em busca de retornos mais elevados.
  • Os spreads de crédito estreitos sugerem uma confiança excessiva e, muitas vezes, irracional, nos mercados de crédito.
  • A volatilidade reduzida cria uma falsa sensação de segurança, levando os investidores a subestimarem os riscos.

As baixas taxas de juros tornaram investimentos seguros, como títulos, menos atraentes. Como resultado, os investidores estão procurando melhores retornos em ações, mesmo em ações de tecnologia supervalorizadas.

Essa mudança bagunçou a forma usual de investimento em valor, que é comprar títulos que estão subvalorizados e têm uma almofada de segurança.

Os investidores em valor, que geralmente olham para números financeiros reais, estão tendo dificuldades com os preços altíssimos de muitas empresas de tecnologia, que são baseados em previsões de crescimento em vez de ganhos atuais.

Em períodos de condições neutras ou apertadas, o value investing brilha, enquanto em períodos frouxos, sua eficácia pode ser comprometida.

Apesar dos desafios apresentados pelos investidores passivos e pelos algoritmos, o investimento em valor continua a ser uma estratégia poderosa e relevante.

Sua abordagem, baseada na análise minuciosa das empresas e na busca por ativos subvalorizados, pode proporcionar retornos sólidos a longo prazo, especialmente em ambientes de condições financeiras neutras ou apertadas.

Os investidores em valor têm demonstrado uma notável capacidade de adaptação às mudanças nas condições do mercado. Eles combinam princípios tradicionais com insights modernos sobre tendências econômicas e setoriais.

O cenário financeiro em constante evolução tem desafiado práticas de investimento em valor consagradas pelo tempo. Por exemplo, o desempenho das ações da Berkshire Hathaway, que ficou atrás do S&P 500 nos últimos anos, levou investidores renomados como Warren Buffett a repensarem suas abordagens.

Diante desse contexto, é crucial reconsiderar a relevância do investimento em valor no mundo contemporâneo.

Os mercados globais em transformação apresentam novos desafios para o value investing, uma estratégia historicamente valorizada por sua abordagem sistemática para identificar ações subvalorizadas.

Entre esses desafios estão as taxas de juros persistentemente baixas e os valores elevados das ações de tecnologia, que muitas vezes não se alinham com as métricas financeiras tradicionais.

No entanto, o conceito de value investing permanece válido.

A combinação de avaliações quantitativas e qualitativas é essencial para responder às novas dinâmicas do mercado.

Adaptar-se às novas circunstâncias exige mais do que conhecimento numérico; é necessário entender a dinâmica da liderança, a força da marca, os avanços tecnológicos e as tendências de mercado.

Para alcançar o sucesso no investimento em valor, é fundamental explorar perspectivas inexploradas e utilizar insights comportamentais.

Além das habilidades analíticas, é crucial reconhecer e superar vieses de mercado e manter as emoções sob controle.

A complexidade do ambiente financeiro atual exige que os investidores em valor integrem ideias tradicionais com novas técnicas, adaptando-se continuamente às mudanças do mercado. Essa adaptabilidade é vital para navegar pelos desafios e aproveitar as oportunidades no cenário financeiro moderno.

Leia também:

Tanto a estratégia de investimento em valor quanto a de ETFs têm seus méritos e podem ser eficazes dependendo dos objetivos e do perfil de risco do investidor.

O investimento em valor oferece a oportunidade de identificar e investir em empresas subvalorizadas com potencial de crescimento a longo prazo, mas requer uma análise detalhada e um horizonte de investimento mais longo.

Por outro lado, os ETFs proporcionam diversificação instantânea, simplicidade e menores custos de transação, sendo uma opção atraente para investidores que buscam uma abordagem mais passiva e menos complexa.

A escolha entre essas estratégias deve levar em consideração fatores como o nível de conhecimento do investidor, a disposição para realizar análises detalhadas, a tolerância ao risco e os objetivos financeiros de longo prazo.

O investimento em valor pode estar enfrentando ventos contrários no mundo de hoje, mas sua filosofia resistente e sua capacidade de identificar oportunidades onde outros não veem continuam atraindo investidores.

Independentemente da estratégia escolhida, é fundamental que os investidores façam sua própria pesquisa, mantenham-se informados sobre as condições do mercado e ajustem seus portfólios conforme necessário para alcançar seus objetivos financeiros.

À medida que navegamos pelos mares agitados dos mercados modernos, é importante lembrar que, embora os algoritmos e os investidores passivos possam influenciar temporariamente os preços das ações, o verdadeiro valor das empresas sempre permanece como o fator determinante a longo prazo.

Bons investimentos!

Leitura recomendada

Fontes de consulta

  • https://www.forbes.com/sites/jimosman/2023/12/26/buffetts-longer-term-slump-time-to-rethink-value-investing/?sh=55124e0b4e62
  • https://www.ft.com/content/01ac1d52-6932-486d-9f1b-bcf9d5100600
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