Volatilidade, na área financeira, é uma medida de dispersão dos retornos de um título ou índice de mercado.
Quanto mais o preço de um ativo varia em um período curto de tempo, maior o risco de se ganhar ou perder dinheiro negociando neste ativo- portanto, a volatilidade é uma medida de risco.
É por isso que investir no mercado de ações (ou fundos imobiliários, por exemplo) é investir em ativos de risco.
Investir no mercado de renda variável pode parecer uma perspectiva assustadora, especialmente quando os mercados são voláteis e os valores dos ativos sobem e descem bruscamente.
Mas, felizmente há estratégias de mitigar a volatilidade da sua carteira e tornar o processo muito menos estressante.
O que você vai aprender:
- O que é volatilidade
- Como a volatilidade afeta os retornos de investimentos
- Quais estratégias eficazes podem ser usadas para diminuir a volatilidade de uma carteira
Índice de Conteúdo
Volatilidade: Definição em finanças
A volatilidade é uma medida estatística da tendência de um mercado ou título subir ou cair bruscamente dentro de um curto período de tempo.
É tipicamente medido pelo desvio padrão do retorno de um investimento. O desvio padrão é um conceito estatístico que denota a quantidade de variação ou desvio que se poderia esperar.
Por exemplo, seria possível ver que o Índice Standard & Poor’s 500 (S&P 500) tem um desvio padrão de cerca de 15%, enquanto um investimento mais estável, como um certificado de depósito (CD), normalmente terá um desvio padrão de zero porque o retorno nunca varia.
Mercados voláteis são geralmente caracterizados por grandes flutuações de preços e negociações pesadas.
Muitas vezes resultam de um desequilíbrio das ordens de compra ou venda em uma direção (por exemplo, todas as compras e nenhuma venda).
Alguns dizem que mercados voláteis são causados por coisas como economia, notícias da empresa, recomendação de um analista conhecido, uma oferta pública inicial popular ou resultados inesperados de ganhos.
Outros culpam a volatilidade dos day traders, vendedores de curto prazo e investidores institucionais.
Uma explicação é que as reações dos investidores são causadas por forças psicológicas.
Essa teoria voa em face de uma hipótese de mercado eficiente (EMH), que afirma que os preços de mercado estão corretos e se ajustam para refletir todas as informações.
Essa abordagem comportamental diz que mudanças substanciais de preços (volatilidade) resultam de uma mudança coletiva de opinião por parte do público investidor. No entanto, está claro que não há consenso sobre o que causa volatilidade, porque a volatilidade existe, e os investidores devem desenvolver maneiras de lidar com isso.
Como se proteger da volatilidade
Quando os mercados experimentam grandes movimentos para baixo ou para cima, às vezes pode ser desafiador manter o foco em seu plano estratégico de alocação de ativos de longo prazo.
Exagerar no movimento do mercado de curto prazo, entrando em pânico diante das ações em queda, da volatilidade ou tentando cronometrar os mercados e perseguir o desempenho de curto prazo é um dos maiores erros que os investidores costumam cometer.
Existem ferramentas objetivas que podem ajudar o investidor a diminuir a volatilidade.
A principal delas é alocação de ativos e diversificação – um dos princípios fundamentais de uma estratégia de investimento bem-sucedida e algo que temos usado como ferramenta de proteção e crescimento do patrimônio de nossos clientes há mais de 200 anos.
Diversificação significa espalhar seu dinheiro em diferentes ações, ações, fundos, setores industriais e até regiões geográficas. Ajuda a suavizar o desempenho e minimizar o risco, quaisquer que sejam as circunstâncias econômicas vigentes.
Outra forma de diminuir a volatilidade é ter metas de longo prazo e manter um compromisso com seu plano, tais como faz o Buy and Hold, é aa chave para o sucesso de investimento de longo prazo. Como vimos o foco no longo prazo também ajuda a reduzir a volatilidade da carteira.
Existem outros métodos, tais como o Custo Médio Unitário, que é investir de forma regular e espaçada no tempo, e a Margem de Segurança, que é comprar ativos com extremos descontos em relação ao seu valor intrínseco.
Vamos ver com mais detalhes como alocação de ativos e diversificação ajudam o investidor.
Por que diversificar?
A razão mais óbvia para espalhar seus investimentos é que reduz a volatilidade e diminui o impacto de qualquer ação ou classe de ativos com desempenho ruim.
Imagine arar todo o seu dinheiro em uma parte. Se a empresa falisse, você perderia todo o seu dinheiro.
No entanto, investir em uma ampla gama de ações significa que algumas podem cair de valor sem ter um grande impacto no seu desempenho geral.
O mesmo acontece com as regiões geográficas. Como vimos no tempo desde que Donald Trump se tornou presidente dos EUA, o mercado dos EUA disparou para recordes enquanto outros mercados de ações, como mercados emergentes, têm sido mais voláteis.
Enquanto isso, houve períodos no passado em que o oposto foi o caso.
Investir em uma disseminação de ativos em diferentes países ajuda a capturar aqueles que estão tendo um bom desempenho, minimizando o impacto daqueles que estão passando por um período de baixo desempenho.
Abordagens para diversificar
Há diversas formas que permitem o investidor diversificar e assim reduzir a volatilidade da sua carteira.
Você pode então construir uma carteira de fundos diferentes que cada um tem um foco diferente, seja um setor industrial (tecnologia, por exemplo), região geográfica (mercados emergentes, China ou Ásia) ou objetivo de investimento – se você quer crescer seu dinheiro o máximo possível, ou se você precisa preservá-lo para fornecer uma renda.
Outros benefícios
Não só diversificar reduz o risco, como pode produzir efeitos de contrabalanciamento que podem “equilibrar” o desempenho durante períodos voláteis.
Por exemplo, como regra geral, os títulos emitidos pelo governo tendem a subir de valor quando o mercado de ações cai, porque os investidores procuram um lugar seguro para estacionar seu dinheiro e em nenhum lugar é mais seguro do que títulos do governo. Essa demanda empurra o preço para cima, e assim os lucros dos títulos ajudam a fornecer um efeito de contrabalanceamento para as perdas em ações, suavizando assim os retornos.
Diversificar também cria a oportunidade de investir em classes de ativos mais arriscadas. Rob Burgeman, diretor de divisão e gerente de investimentos da Brewin Dolphin explica:
Um grande exemplo são os mercados emergentes. Eles são heróis ou vilões – eles podem subir 20% em um ano e cair 15% no próximo. Mas, ao espalhar dinheiro em diferentes regiões e ativos, os retornos gerais da carteira são suavizadas.”
Rob Burgeman, diretor de investimentos da Brewin Dolphin
Por exemplo, em 2008, ano em que a crise financeira realmente tomou conta, as ações dos EUA caíram 37% e as ações do Reino Unido caíram 29,9%. Mas as ações em mercados emergentes avançados subiram 30%. Uma carteira típica da Brewin Dolphin equilibrada caiu 17,4%, isolando os investidores das piores quedas.
Da mesma forma, em 2014, quando as ações do Reino Unido devolveram apenas 1,2% e os mercados emergentes devolveram apenas 5%, o portfólio equilibrado da Brewin devolveu 7,2% devido à nossa exposição à propriedade comercial e ao mercado dos EUA, ambos bem naquele ano.
Uma abordagem equilibrada nunca alcançará os retornos mais excelentes, mas lhe dará um retorno suavizado, o que o torna muito mais previsível e, crucialmente, muito menos estressante. Isso significa que você pode seguir com sua vida sem se preocupar com seus investimentos oscilando descontroladamente em valor.
Dependendo de suas metas de investimento, atitude em relação ao risco e prazo, podemos estruturar uma carteira diversificada sob medida para atender às suas metas financeiras pessoais, seja para aumentar seu dinheiro ao longo do tempo ou para produzir uma renda para mais tarde na vida.
Volatilidade faz parte da natureza do mercado
Embora a volatilidade e queda abrupta das ações possam ser preocupantes no curto prazo, é importante lembrar que eles normalmente ocorrem em algum momento na maioria dos anos.
Durante esse tempo, os investidores devem manter sua alocação de ativos direcionados através do reequilíbrio disciplinado, ao mesmo tempo em que buscam retornos competitivos a longo prazo investindo em ações de empresas com vantagem competitiva, por mais tempo possível.
Grandes movimentos de mercado de curto prazo, tanto para o lado negativo quanto para o lado positivo, muitas vezes deixam os investidores confusos sobre o desempenho de suas próprias carteiras de investimento.
Durante esses períodos, é importante dar um passo atrás e lembrar alguns princípios importantes de investimento, incluindo os benefícios da diversificação e manter o foco em seu plano de longo prazo.
Aqui estão alguns pontos-chave a ter em mente:
- Os mercados são voláteis por natureza e devem encontrar crises de volatilidade de tempos em tempos. Investir em um portfólio diversificado consistente com seu perfil objetivo e de risco foi projetado para ajudá-lo a alcançar seus objetivos de longo prazo, ao mesmo tempo em que suaviza o passeio ao longo do caminho.
- Carteiras diversificadas incluem vários investimentos para fins específicos. As ações proporcionam crescimento potencial, mas vêm com maior volatilidade. Os títulos podem fornecer proteção, bem como diversificação para ajudar a moderar a volatilidade. Embora as taxas de juros possam subir mais, os títulos ainda servem a esses propósitos importantes em uma carteira diversificada.
- Vários tipos de investimentos se movem para cima ou para baixo ao longo do tempo. Só porque uma classe de ativos está indo bem ou mal a qualquer momento não significa que você deve incluir ou excluir essa classe de ativos de sua carteira.
- Tentar cronometrar mercados e perseguir o desempenho de curto prazo é um dos maiores erros que os investidores costumam cometer.
- Uma carteira diversificada pode superar ou ter um desempenho inferior ao índice principal do mercado em qualquer dia ou semana. Mas os retornos de uma semana não são um plano de investimento de longo prazo.
Alocação de ativos e volatilidade
Durante 2017, as ações apresentaram fortes retornos, enquanto títulos centrais como os Treasuries foram relativamente fracos.
Em contrapartida, durante a correção do mercado no início de 2016, as ações foram mal, enquanto as classes de ativos defensivos, como Treasuries e ouro, se saíram bem. Isso ressalta como o desempenho entre as classes de ativos pode variar significativamente no curto prazo.
As classes de ativos de alto e baixo desempenho tendem a mudar de mês para mês e ano para ano sem padrão discernível.
Diversificando-se entre geografias e classes de ativos, você pode ajudar a aumentar suas chances de ser investido em qualquer classe de ativos que esteja liderando em qualquer momento, enquanto não sofre o efeito de possuir apenas os artistas mais fracos.
Observe a figura a seguir. Ela mostra diferentes desempenhos de diferentes classes de ativos entre 2010 e 2017.
Entre as classes de ativos mostradas, as ações de mercados emergentes e as ações do mercado desenvolvido internacional foram as mais fortes durante 2017, depois de terem sido as piores em 2015 e 2016, respectivamente. Da mesma forma, os fundos de investimento imobiliário (REITs) e Treasuries estiveram entre os melhores em 2015, mas entre os últimos em 2017.
Em contrapartida, uma carteira hipotética diversificada entre ações, títulos, commodities e dinheiro (mostrado em roxo) evitou os picos e vales de cada uma das classes de ativos individuais e proporcionou um desempenho mais suave durante o período de tempo mostrado.
Esse é o valor da diversificação: pode ajudar a amortecer a volatilidade ao longo do tempo, mesmo que não garanta lucro ou, em um mercado em queda, proteja contra perdas.
Diversificação e volatilidade
Observe a imagem a seguir.
Ela mostra o benefício da diversificação nos retornos de uma carteira entre 2006 e 2018.
Veja o período em torno da crise financeira de 2008-2009.
A hipotética carteira diversificada teria caído menos que a carteira de ações, e teria se recuperado ao seu pico anterior em cerca de metade do tempo.
E enquanto a carteira de ações tinha um valor final maior, os investidores teriam que permanecer investidos durante todo o período para ganhar esse retorno, escoando o declínio mais precipitado e, em seguida, a subida mais lenta de volta.
Os investidores que sucumbiram ao pânico que normalmente acompanha a turbulência e saíram dos mercados após os declínios de 2008 podem ter perdido parte, ou potencialmente todos, do rali subsequente do mercado.
A diversificação pode ajudar os investidores a evitar esse risco moderando a volatilidade da carteira para ajudá-los a navegar por essa turbulência, mantendo seu plano.
Longo prazo e a volatilidade
É conhecido que as ações são investimentos de alto risco, devido a volatilidade. Tem dias que podem subir 10%,outros cair 15% ou mais. Até mesmo a renda fixa pode não ser fixa, variando ao longo do tempo caso você venda antes do prazo acordado.
Essa montanha russa de sobe e desce, no entanto, é suavizada no longo prazo. A medida que mais tempo você se mantém no mercado, menos oscilações de curto prazo vão te afetar.
O gráfico a seguir mostra o retorno médio composto anual de Stocks (ações), Bonds (títulos de longo prazo) e T-Bills (títulos de curto prazo) no mercado dos Estados Unidos. O tamanho da barra mostra o quanto pode oscilar para cima (positivo) ou para baixo (negativo) os retornos médios de cada classe de ativos.
Perceba que, para todas elas, a medida que mais tempo o investidor fica investido naquele mercado, MENOR é a volatilidade. Inclusive, as Stocks, no longo prazo (acima de de 20 anos) só possuem retornos positivos. Isso mostra a força do mercado de ações na composição do capital.
Isso significa que o TEMPO é o maior aliado do investidor.
A volatilidade só prejudica quem se preocupa com o curto prazo!
No longo prazo, não é apenas quanto dinheiro que você faz que determina sua prosperidade futura. É quanto desse dinheiro você coloca para trabalhar ao economizar e investir.”
Peter Lynch
Como a volatilidade pode ser útil?
Falamos muito sobre métodos e estratégias para proteção da volatilidade.
No entanto, a volatilidade dos mercados é essencial para os investidores em valor. Elas criam as assimetrias, momentos onde o preço de um ativo está sendo negociado abaixo do seu valor intrínseco.
Em momentos de forte queda das ações, o investidor pode se beneficiar da volatilidade para realizar compras de forma a aumentar sua participação em negócios excelentes. Se você pode comprar algo bom e formidável, que você já investe ou planejava investir, mais barato, não seria oportunidade?
Sim, e não.
Veja bem, como investidor de longo prazo, não é para você focar no preço e movimentos de mercado, na verdade o ideal é ignorar esses movimentos. Entretanto, esses momentos podem ser aproveitados sim, tomando as devidas precauções, tais como:
- Você possui uma reserva em caixa que permita alocar em ativos de renda variável
- Seus objetivos de investimento não entrem em conflito
- Sua carteira esteja desbalanceada e você precise manter ao percentual dos ativos depreciados, realizando novas compras
- Você não comprometa sua reserva de emergência para comprar ativos depreciados
- Você saiba o que está fazendo e não se deixe contaminar pelo foco em preço (afinal, você é investidor, não trader)
Como pode perceber, são elementos essenciais para que você não confunda sua tese de investimento.
Digo isso porque muita gente termina indo para o caminho da especulação, se afastando das verdadeiras razões de investimentos inteligentes. Portanto, muito cuidado!
Se você quiser especular faça com os olhos abertos, sabendo que provavelmente você irá perder dinheiro no final; lembre-se de limitar a quantidade de dinheiro em risco e separe-a completamente da sua estratégia de investimento de longo prazo”.
Benjamin Graham
Conclusões
A volatilidade é uma medida estatística da tendência de um mercado ou título. É tipicamente medido pelo desvio padrão do retorno de um investimento.
Volatilidade é um elemento intrínseco e inevitável dos mercados.
Renda variável, tais como ações, fundos imobiliários, ETFs, moedas, criptomoedas, são voláteis e oscilam, uns menos e outros com maior amplitude. Assim sendo, o investidor deve construir uma carteira que seja aderente ao seu perfil de risco.
Alocação de ativos e diversificação é uma estratégia reconhecida e muito empregada na formação e manutenção de uma carteira. Possuir investimentos alocados em renda fixa, renda variável e dinheiro, por exemplo, já diminui muito a volatilidade da carteira.
A diversificação dentro dessas classes de ativos também é essencial. Por exemplo:
- Possuir ações de diferentes setores da economia (energia elétrica, financeiro, consumo, saúde, etc)
- Fundos imobiliários de segmentos diferentes (shopping-centers, escritórios, logísticos, etc)
- Títulos com diferentes indexadores e e prazos (atrelados a SELIC, IPCA, pré-fixados, etc)
Todos são exemplos de proteções que não podem ser ignoradas. Graças aos diferentes mercados, os ativos não correlacionáveis diminuem a volatilidade da carteira como um todo.
Outras estratégias também ajudam a diminuir o risco e volatilidade da carteira, tais como:
- Investir apenas em ativos com excelentes fundamentos, vantagem competitiva e fossos econômicos;
- Focar no horizonte de longo prazo (como faz o Buy and Hold);
- Investir de forma regular e espaçada no tempo (como faz o custo médio unitário);
- Comprar com uma margem de segurança (após uma análise do valuation)
Então, existem estratégias e métodos comprovadamente eficazes que protegem o investidor em valor de longo prazo.
O principal deles é o conhecimento. Portanto, sempre busque se aprimorar e investir de forma inteligente.
Bons investimentos!
Leitura recomendada
- Alocação de Ativos – por Henrique Carvalho
- Investindo em Ações para o Longo Prazo, 5ª ed, 2014 – por Jeremy Siegel
Fontes de consulta
- https://intelligent.schwab.com/article/value-of-diversification
- https://www.investopedia.com/articles/02/051502.asp
- https://www.investopedia.com/investing/importance-diversification/
- https://www.brewin.co.uk/insights/the-value-of-diversification-in-your-investment-strategy
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